Quarenta mil pessoas infetadas com hepatite C estão ainda por diagnosticar e tratar em Portugal, segundo avançou esta segunda-feira o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), Rui Tato Marinho.
Em declarações à Lusa, as estimativas indicaram ainda que mais de 27 mil tratamentos para este vírus – mais concretamente 27.239 – foram autorizados desde 2015, de acordo com os dados oficiais da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).
"Há uma certa disparidade entre os tratamentos finalizados e os que são registados, porque isto implica que os médicos registem no portal [do Infarmed]. É um certo obstáculo burocrático, mas tem de ser”, sublinhou o presidente, explicando que esta doença pode evoluir de forma muito silenciosa.
“É muito traiçoeira. Pode evoluir durante 20, 30, 40 anos ou mais sem a pessoa saber que está infetada, fazer a vida normal, contagiar outras pessoas, e mais tarde vir a desenvolver uma cirrose ou um cancro do fígado”, garantiu Rui Tato Marinho, que falou também de rastreios mais amplos que são necessários para sensibilizar as pessoas.
"Temos de mudar um bocado o nosso modo de pensar e irmos até às pessoas. Estas pessoas não são marcianos, não vivem noutro mundo. Vivem a poucos quilómetros de nós, alguns deles cruzam-se connosco e são potenciais problemas de saúde pública”, ressalvou.