Um Alfa Pendular descarrilou, esta sexta-feira, na zona de Soure, em Coimbra. O acidente de comboio, onde seguiam 212 passageiros, provocou dois mortos e fez 6 feridos graves, segundo o fonte do Comando Distrital das Operações de Socorro de Coimbra. De acordo com o autarca o presidente da Junta de Freguesia de Soure, as operações de socorro por parte das autoridades estão a decorrer "com normalidade" e vieram minorar a situação, que este apelida de "drama".
Questionado sobre as origens do acidente, Santos Mota afirma ainda que "não faz ideia como é que isto pode acontecer nos dias de hoje" e diz que a origem do acidente se deveu a um problema de comunicação. "Ninguém contava com isto", afirmou o presidente da junta.
As vítimas mortais são trabalhadores que estavam a operar no veículo de reparação de catenárias no qual o comboio embateu, e que se encontrava na linha, segundo o Jornal de Notícias
Foi criado um hospital de campanha no local para dar assistência aos feridos. Outros dos lesados foram transportados para o Hospital da Figueira da Foz e para o Hospital de Coimbra.
Em nota da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa lamenta o "grave acidente ferroviário" e apresenta "sentidas condolências aos familiares e amigos das vítimas mortais e desejando rápidas melhoras aos numerosos feridos".
O alerta para o acidente foi registado às 15h30, de acordo com o CDOS de Coimbra. A circulação na Linha do Norte encontra-se interrompida nos dois sentidos devido à operação dos meios de socorro, que estão a retirar vários passageiros do comboio.
No local estão mais de 200 operacionais, apoiados por mais de 80 veículos e dois meios aéreos. O ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, já está no local.
A modernização na linha do Norte
A linha onde se deu o acidente foi alvo de obras de modernização nos últimos anos. Aliás, em 2015, foi adjudicada a empreitada «Linha do Norte- Modernização do Subtroço Alfarelos-Pampilhosa – Renovação Integral de Via entre as Estações de Alfarelos e Pampilhosa». No site da Infraestruturas de Portugal, é descrito que o valor da empreitada foi de 30,5 milhões de euros, «33% abaixo do preço base».
«A empreitada está integrada num conjunto de investimentos, ao longo da Linha do Norte, com financiamento comunitário, que totalizam 400 milhões de euros e deverão estar executados entre 2016 e 2020», lê-se no site, onde é acrescentado que o objetivo seria eliminar «constrangimentos e aumentar os níveis de segurança e fiabilidade da infraestrutura».
Os acidentes mais graves com comboios
Aconteceu há 35 anos o acidente mais grave de que há registo em Portugal. No dia 11 de setembro de 1985, próximo à estação de Moimenta-Alcafache, na Linha da Beira Alta, uma carruagem do Sud Express embateu numa outra carruagem de um comboio regional.
A colisão foi de tal forma violenta que o relatório da CP dava conta, na altura, de cerca de 150 vítimas mortais. Na altura, muitos corpos ficaram por identificar, ficando os relatos de restos mortais que eram confundidos com os destroços das carruagens.
Em 2016, um comboio da CP descarrilou quando fazia o percurso entre Vigo e a cidade do Porto. O acidente aconteceu quando o comboio se aproximava da estação de Porriño, tendo embatido num poste de eletricidade.
Dos 60 passageiros que seguiam naquele comboio, quatro morreram e 47 ficaram feridos. O acidente ocorreu em 2016, mas só em 2019 é que foi concluído o relatório Comissão de Investigação de Acidentes Ferroviários espanhola. Segundo o relatório, «a causa direta do acidente foi o descarrilamento motivado pela passagem do comboio […] na estação de Porriño […] a uma velocidade de 110 km/h”, quando “a velocidade estabelecida para passar […] era de 30 km/h». «Os indícios apontam para uma falha de atenção na condução», referia o documento.