Um balde azul, uma lona, um saco de roupa suja, uma mochila, sacos de pedra, vasos de plantas e algumas tábuas de madeira. Foram estes objetos que as autoridades alemãs encontraram durante as buscas a uma cave secreta na cidade de Hanôver, na Alemanha, junto à antiga casa de Christian Brückner, principal suspeito de ter raptado Madeleine McCann, menina inglesa que desapareceu na praia da Luz, no Algarve, em 2007.
Durante as buscas, que duraram cerca de 24 horas – entre terça e quarta-feira –, foram utilizadas duas retroescavadoras e ainda maquinaria pesada, além de pás e ancinhos. Vários cães pisteiros também estiveram no local, com o objetivo de ajudar a encontrar quaisquer indícios relacionados com o desaparecimento da criança.
Foram recolhidas amostras de lama para serem posteriormente analisadas, de acordo com a imprensa da Alemanha, e a polícia acabou por recolher também alguns vestígios do solo da cave secreta – alugada pelo alemão –, bem como ter acesso a uma garagem onde Brückner terá trabalhado para fazer alterações na autocaravana que usava para as suas deslocações.
Já depois de todas as escavações concluídas, as autoridades alemãs optaram por colocar a cave de forma a que ninguém pudesse aceder à mesma, cobrindo-a com areia depois de ser devidamente limpa. Mas esta não foi, alegadamente, a única cave secreta que o principal suspeito de raptar Maddie alugou. Segundo a imprensa britânica, Brückner teria outro barracão com uma segunda cave secreta a cerca de 60 quilómetros de Hanôver, na Alemanha – onde decorreram as buscas por parte das autoridades.
"Cavou um grande buraco. Tinha três metros de profundidade e seis de largura. Tirou as pedras e a terra com a mão e atirou-as para a frente do barracão. Colocou tábuas de madeira por cima do buraco. Levou dois meses para o concluir. Começava de manhã e trabalhava até à noite", admitiu ao jornal britânico Daily Mail um antigo vizinho, Manfred Richter, que garantiu ainda que o suspeito viveu nesse terreno onde estava localizada a cave secreta, na cidade alemã de Brunsvique. De acordo com esse mesmo vizinho, Brückner terá abandonado esse local de forma repentina, sem deixar rasto.
Mulher assustada com terreno alugado por Brückner
A mulher que hoje é proprietária do terreno que foi alugado por Christian Brücker, em Brunsvique, na Alemanha, diz sentir-se assustada e ter um mau pressentimento em relação ao local. Sabine Sellig vai mais longe e, de acordo com a imprensa britânica, já solicitou às autoridades que também façam escavações naquele terreno.
"Tenho muito receio e temo estar a dormir em cima do corpo de Maddie McCann. Comprei o terreno e sinto que há algo de errado", atirou, explicando que o suspeito de ter raptado a menina inglesa residiu naquele terreno na altura em que era gestor de um quiosque.
Já o antigo responsável da propriedade onde Brückner tinha a sua cave secreta, Jürgen Krumstroh, sublinhou que sempre achou estranho o facto de o suspeito nunca se ter dado ao trabalho de plantar qualquer vegetal. "Era um homem estranho. Não era próximo dele, mas bebia uma cerveja com ele de vez em quando. Sei que estava a construir alguma coisa dentro do barracão, porque eu conseguia ouvi-lo a trabalhar", adiantou, de acordo com o Daily Mail. Além disso, o homem confessou também que costumava ver Brückner sentado no jardim, onde se fazia acompanhar várias vezes por uma mulher mais nova. Mas houve um dia em que deixou de o ver.
Sempre com uma estada curta nos locais onde ficava, Christian Brückner, recorde-se, foi filmado a viajar do Algarve para Espanha cinco semanas antes do desaparecimento da menina inglesa, a 3 de maio de 2007. De acordo com o Daily Mail, o suspeito terá oferecido boleia a vários viajantes – um deles filmou o momento e, nas imagens divulgadas pelo jornal britânico, pode ver-se Brückner a conduzir a sua autocaravana e a consultar um mapa.
Suspeito pede para ser libertado
A cumprir uma pena de sete anos de prisão por tráfico de droga, Brückner pediu para ser libertado do estabelecimento prisional, na Alemanha. O advogado do germânico comuniciou a decisão ao tribunal de Kiel, responsável pela sua condenação. No início de junho, já tinha cumprido dois terços da pena, que termina em janeiro do próximo ano. O suspeito alemão tem, no entanto, uma outra acusação pendente de condenação. O homem é acusado de abusar sexualmente de uma mulher de 72 anos, de nacionalidade norte-americana, no Algarve, em 2005.
No início de junho, recorde-se, foi confirmado que o Ministério Público (MP) de Brunsvique, na Alemanha, estava a investigar Christian Brückner por suspeitas de ter matado Madeleine McCann. O alemão tem antecedentes criminais de pedofilia e, na altura do desaparecimento de Maddie, morava a alguns quilómetros do hotel de onde a criança britânica desapareceu, perto da praia da Luz. O suspeito de 43 anos terá vivido em Portugal durante onze anos – entre 1996 e 2007.
Durante esta investigação, o MP de Brunsvique considerou sempre que Maddie está morta. "Gostava de começar por dizer que na investigação do desaparecimento da criança britânica Madeleine McCann, com 3 anos, da Praia da Luz, no Algarve, assumimos que a menina está morta", afirmou, na altura, Christian Wolters, procurador e porta-voz, durante uma declaração à imprensa.