O fundo norte-americano Lone Star, que está a negociar em exclusivo com o governo português a compra do Novo Banco, está a ser investigado nos Estados Unidos, na Alemanha e na Coreia do Sul. Em causa está a compra de ativos por parte do fundo liderado por John Grayken, revela a imprensa internacional.
A Lone Star enfrenta a justiça, em Haia, depois de ter comprado o banco Korea Exchange Bank (KEB). Parte da investigação está relacionada com o acordo que o fundo norte-americano fez, em agosto de 2003, para comprar uma participação de 50,5% naquela instituição financeira. Na base deste processo poderá ter havido alterações nos regulamentos de forma a ajudar o fundo a adquirir o banco sul coreano, que acabou por ser vendido mais tarde com lucros elevados.
Mas os problemas não ficaram por aqui. O negócio foi realizado através de uma subsidiária na Bélgica, um país que tem um tratado fiscal com a Coreia do Sul, o que impede ambos os países, alega a Lone Star, de cobrar impostos sobre a venda. Também na Alemanha está a ser investigada a compra do banco alemão IKB através da participação maioritária que o Banco estatal de Crédito para Reconstrução e Desenvolvimento (KfW) detinha na instituição financeira.
Uma instituição pequena e outrora conservadora e que foi primeiras vítimas da crise do subprime, em 2008. Já no ano passado, o procurador do Estado de Nova Iorque, Eric Schneiderman, abriu uma investigação à gestão dos créditos hipotecários, motivada pelos protestos de proprietários despejados.
Em editorial, o The New York Times acusou o Lone Star de forçar os despejos «com o objetivo de revender as casas para fazer dinheiro». A verdade é que a reputação de John Grayken não tem sido a das melhores. Fundou a Lone Star em 1995 e tem uma fortuna avaliada em seis mil milhões de euros, mas é conhecido por enriquecer à custa de negócios fracassados ou semi- -fracassados.
A fórmula é simples: compra ativos a bancos e estados soberanos sobre-endividados para depois vendê-los ao melhor preço. Entre 1998 e 2004, o Lone Star fez investimentos no Japão, Coreia do Sul, Indonésia e Taiwan, aproveitando os despojos da crise financeira asiática. Em 2005, voltou-se para a Europa e, depois da crise financeira, comprou ativos de bancos que colapsaram – do belga Fortis e dos alemães AHBR e IKB. Apesar de ter nascido nos Estados Unidos, Grayken, em 1999, acabou por renunciar à cidadania americana para pagar menos impostos. Tornou-se cidadão irlandês e vive em Inglaterra, apesar de a sede permanecer em Dallas. Não pode passar mais de 120 dias em solo americano de cada vez que viaja para os EUA para não ter de prestar contas ao fisco. Com todas estas aquisições, John Grayken tornou-se o segundo dono de fundos de investimento mais rico do mundo, atrás de Stephen Schwarzman, do Blackstone.