A Congregação para o Clero, da Cúria Romana, publicou uma instrução sobre as paróquias e a sua missão evangelizadora nos tempos modernos. Em mais de cento e vinte pontos, o documento aponta para a atualidade dos espaços das paróquias e de como se devem ou podem configurar nos tempos modernos.
Alguns ficaram comichosos com o documento por fazer demasiadas citações sobre o Direito Canónico. Dizem que foi uma oportunidade perdida para se rasgar uma nova forma de realizar a igreja no mundo contemporâneo.
Eu, até certo ponto, compreendo o que se diz do documento. Porém, também sei que é mais fácil destruir uma obra começada do que organizar a sua edificação, isto é, é mais fácil eu criticar o documento do que montar uma paróquia verdadeiramente missionária em diálogo com a cultura contemporânea.
A instrução não quer dar nada de novo, mas apenas lembrar o que já foi dito. E porquê lembrar o que já foi escrito e rescrito? Porque voltar ao Direito Canónico a tantas instruções que já foram escritas e rescritas nas últimas décadas?
Pois é… é difícil de compreender porque é que andamos agarrados ao passado e não rasgamos nada de novo no futuro.
Porém, há que recordar os documentos que foram escritos no passado, provavelmente porque, na ânsia de se ser moderno, se tem esquecido da real e verdadeira missão da Igreja Católica ontem, hoje e sempre. Sim, é verdade!
Alguns sofrem de grandes esquecimentos e põem-se a inventar sobre o que deve ser a Igreja e afastam-se do que é a missão da Igreja!
Com ânsias de modernidade, queremos responder a todas as perguntas do homem, mas esquecemos de responder à pergunta fundamental que está no homem: “quem sou, de onde vim e para onde vou!”.
A missão da Igreja é apenas uma: levar o homem ao encontro real com Deus!
Essa missão realiza-se por meio dos sacramentos e da escuta atenta da Palavra de Deus. É aqui que nós acreditamos que se encontram as vias normais pelas quais nos podemos encontrar com Deus e conhecer a nossa essência mais íntima.
Conhecer Deus é conhecermos quem somos e esclarece a nossa natureza.
Levantaram-se muitas questões sobre os pontos ali apontados. Levantaram-se muitas questões sobre a incidência do documento na figura do padre e a sua missão junto dos leigos.
Este é o magistério, o ensinamento, do nosso Papa Francisco. O padre tem de ser padre e os leigos têm de ser leigos. A tendência de querer clericalizar os leigos, isto é, de colocar os leigos a fazer coisas que são próprias dos padres é uma tentação que devemos realmente por de parte.
Claro que o que está por detrás das grandes criticas a estes documentos e à ação da igreja não é nada de novo, já apareceu no próprio Evangelho.
Sim, sim! É verdade!
Imagine-se que os próprios apóstolos já andavam às voltas com a questão: quem será o maior no reino dos céus!
A questão é sempre a mesma: afinal, quem manda aqui!
Sempre os grandes problemas que estão no centro das discórdias estão ligados a uma coisa: o poder!
Afinal as mulheres não deviam também ter lugar de destaque? Mas porque é que os leigos também não deveriam ter assento nas decisões? Porque é que os padres podem governar e não os leigos?
São muitas as questões… mas sempre com um espírito mundano…
O que deveria preocupar, hoje, a Igreja Católica e os próprios cristãos é o anúncio do Evangelho de Cristo. Como dizer aos homens que Deus existe? Como lhes dizer que são amados por Deus? Como saberem que Jesus Cristo entregou a vida por eles?