Na conferência desta segunda-feira, que contou com a presença do secretário de Estado da Saúde, António Sales, e o subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, foram abordados vários assuntos como a Festa do Avante!, marcada para setembro, os surtos nos lares, mais especificamente o surto do lar do Barreiro e no lar de Torres Vedras e a possibilidade de vir a ser aprovado o uso de máscaras obrigatório em espaços públicos no inverno.
António Sales começou por falar de pontos positivos acerca do boletim desta segunda-feira. A semana que terminou, de 2 a 8 de agosto, foi a semana na qual ocorreu um menor registo de casos novos de covid-19 desde o dia 15 de março. Ocorreu ainda um decréscimo do número de pessoas internadas a semana passada: registou-se também o menor número de internamentos desde março. Apesar destes pontos positivos, António Sales não deixou de sublinhar que existe ainda “um longo caminho a percorrer".
Questionado sobre quando é que a aplicação STAYAWAY COVID irá estar disponível, António Sales afirma que é uma questão de dias, visto a app ja ter sido promulgada por Marcelo Rebelo de Sousa.
A Festa do Avante! foi ainda um dos assuntos abordados na conferência de imprensa. Questionado sobre a organização do evento, o secretário de Estado da Saúde sublinhou que a DGS “não toma decisões políticas, mas sim técnicas” e afirmou que as autoridades de saúde portuguesas já começaram a ter reuniões com a entidade promotora do evento do partido comunista para garantir a segurança de todos os presentes na Atalaia, em setembro. “Contaremos com certeza com a entidade promotora para que tal venha a acontecer. Há muitas questões que ainda não conhecemos, como percursos, e que terão de ser discutidas para serem encontradas soluções”.
Depois de ter sido recomendado pela Ordem dos Médicos que as máscaras passem a ser de uso obrigatório em espaços públicos, António Sales agradece pelo contributo da ordem profissional mas afirma que esta questão, como tantas outras, será melhor analisada “nos gabinetes do que numa discussão publica”. “Não há certezas num momento tão incerto como este, quer em Portugal, quer em todo o mundo”, acrescentou o subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal.
Existem atualmente 164 surtos em todo o país: 41 na região norte, 10 na região centro, 44 na região de Lisboa e Vale do Tejo. 13 no Alentejo e 16 no Algarve. Rui Portugal voltou a sublinhar que a grande maioria dos surtos tem tido origem no convívio familiar.
“Ja não é uma questão de trabalho, social, mas convívio entre habitantes e entre eles como família”, afirma. “Fica de novo a mensagem para as famílias, não é por ser um familiar que se deixa de estar em risco de ser contaminado e somos todos responsáveis por proteger as varias gerações das nossas famílias”, alerta.
Questionado sobre os surtos, António Sales fala aqueles que preocupam mais as autoridades de saúde: o do lar de São José, no Barreiro, onde 31 residentes com 80 anos e 14 de 44 profissionais estão infectados, e do lar Nossa Senhora da Luz, em Torres Vedras, onde, dos 80 residentes e 70 funcionários, existem 74 testes positivos – 49 residentes e 25 funcionários. Apesar de 28 pessoas estarem internadas, todas se encontram estáveis. É necessário “não baixar a guarda”, alerta o secretário de Estado da Saúde. “Apesar de termos melhores resultado não podemos alterar os nossos comportamentos mas sim reforçá-los”, afirma.
Em relação à proibição de visitas a lares em vários pontos do país, ambos os governantes afirmam que a questão tem de ser analisada “caso a caso”. “Fará muito mais sentido avaliar regionalmente do que haver uma decisão de carácter nacional”, afirma Rui Portugal. “No entanto, tal não quer dizer que amanhã tudo seja completamente diferente, devido ao grau de incerteza vivido”, acrescenta.
A mesma justificação é dada pelas autoridades de saúde quando questionadas pela organização de eventos e a abertura de bares e discotecas durante o período noturno ainda este ano.. “Os eventos são diferentes e o que a DGS tem feito, com muito esforço, é falar com cada uma das entidades promotoras de cada um dos eventos porque a cada uma dessas entidades existem realidades diferentes”, explica António Sales. “Com a evolução da epidemia poderá vir-se a utilizar outra metodologia mas a que sido utilizada tem dado bons resultados e este será o procedimento utilizado até prova em contrário".