A conferência de imprensa das autoridades de saúde portuguesas, esta quarta-feira, sobre o balanço da covid-19, contou com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido e o subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, e foi marcada por várias temas como o aumento de casos diários na região Norte do país, a Festa do Avante!, e a vacina contra o novo coronavírus aprovada na Rússia, esta terça-feira.
Ao todo, existem 161 surtos ativos no país, dos quais 42 se localizam na região Norte. Comparativamente a ontem ocorreu um aumento no número de casos diários no Norte, a região onde surgiu o primeiro caso de covid-19 no país, destacou Marta Temido. "Ontem tinham sido notificadas mais 34 infeções. Hoje são mais 89", constantou a governante, justificando o aumento com os "surtos ligados a uma área geográfica relativamente circunscrita, que estamos a acompanhar com uma maior proximidade", referindo-se aos surtos da Póvoa do Varzim e de Vila do Conde.
A região Norte supera assim o número de surtos confirmados na região de Lisboa e Vale do Tejo, que nas últimas semanas tem apresentado o maior número de surtos. Em Lisboa e Vale do Tejo foram contabilizados 82 surtos, oito no Centro, 16 no Algarve e 13 no Alentejo.
Questionada sobre a situação no lar de Reguengos de Monsaraz, que foi acusado de não cumprir com as diretrizes da DGS para impedir a propagção da covid-19, Marta Temido afirma que os lares são "uma das maiores preocupações" do Governo, no entanto, são um "fenómeno complexo" visto ter como residentes pessoas, muitas vezes, mais vulneráveis. Apesar disso, a governante sublinha que houve uma "evolução positiva" nestas instituições por todo o país. Em abril havia 360 lares com casos positivos e a 11 de agosto havia apenas 69 lares com casos de infeção, segundo Marta Temido.
Mais uma vez, os governantes foram questionados sobre a realização da Festa do Avante!. Marta Temido garantiu que "não haverá exceções" às regras da DGS e que está a ocorrer "um trabalho técnico de avaliação" para garantir a segurança de todos os presentes no evento do Partido Comunista marcado para setembro.
Questionada sobre o número de pessoas que poderão estar no evento, a governante afirma que terá de ser um número inferior ao dos anos anteriores – 100 mil pessoas. "Compreendo que se fale de um número de 100 mil, na medida do que será a licença de utilização, mas estamos num momento específico, num contexto específico", disse a ministra.
"Não vamos proibir o que é permitido nem vamos permitir o que proibido", afirma Marta Temido, salientando que não se irá correr "riscos adicionais" nem haverá nenhum tipo de "tratamento especial" em relação ao evento mas que também não serão impostos "deveres adicionais àquilo que são as regras específicas com as quais temos estado a trabalhar em áreas como a restauração, os transportes públicos ou os eventos culturais".
A Rússia anunciou, esta terça-feira, a primeira vacina mundial contra o novo coronavírus, tema que também foi discutido na conferência. A ministra da Saúde garante que o Governo está a acompanhar a evolução da nova vacina e afirma que Portugal, através do Infarmed, está a trabalhar com a Agência Europeia do Medicamento para ser um dos países a receber uma vacina eficaz "quando existir". A governante afirma que o mais importante é seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde, que já se mostrou apreensiva com a vacina russa, visto esta ter sido aprovada antes da fase 3 de testagem estar concluída e que apesar de ser urgente encontrar uma cura para o novo vírus "não se pode sacrificar a segurança nem a eficácia".