A ministra da Saúde, Marta Temido, começou por revelar na habitual conferência de imprensa das autoridades de saúde, que à meia-noite desta sexta-feira não havia utentes covid-19 positivos na rede nacional de cuidados integrados e continuados.
“É uma boa notícia, é uma notícia que faz jus àquilo que foi um esforço intenso das equipas que trabalham nestas unidades", disse a governante.
Questionada sobre uma segunda vaga no país, uma possibilidade que se intensifica tendo em conta outros países da Europa, como Espanha ou França, a ministra considera que o crescimento de novos casos até agora registado poderá não ser suficiente para "caracterizar estarmos perante uma segunda vaga".
“Não sei se isso é suficiente para caracterizar estarmos perante uma segunda vaga. O que sabemos é que até uma vacina ou um tratamento eficaz esta doença persiste e portanto estamos sujeitos pelo menos a ondas”, considerou.
Segundo a ministra, Portugal encontra-se numa situação “estável”. "Diria que estamos numa situação de estabilidade". "Há mais momento de convívio e portanto infelizmente há mais risco, portanto há surtos aos quais não conseguimos obviar completamente e portanto há novos casos", acrescentou.
Confrontada com o facto de o Governo espanhol ter anunciado esta sexta-feira é proibido fumar em espaços públicos onde o distanciamento social não possa ser assegurado, Marta Temido disse que, para já, a hipótese não está a ser considerada em Portugal, mas admite “acompanhar” e avaliar a medida.
"Neste momento, não estamos a pensar em adotar uma medida semelhante. A medida foi anunciada há muito pouco tempo, como sempre temos dito neste contexto de incerteza, há ainda muitos aspetos em aberto, portanto vamos acompanhar e avaliaremos se será adequado ao nosso contexto", disse a governante.
Na mesma conferência de imprensa, o subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, falou sobre os surtos relacionados com atividades religiosas, depois de o Correio da Manhã dar conta de um surto com origem num encontro da Opus Dei. O responsável disse que o Governo não tinha números sobre surtos relacionados com atividades religiosas, mas admitiu que esses casos existem.
“Não consigo precisar o número de exato de surtos que aconteceram em atividade de caráter religioso", disse, referindo que os surtos já identificados têm ocorrido em especial na região de Lisboa e Vale do Tejo.
"Tudo o que seja aglomerações de pessoas, em qualquer tipo de evento, nomeadamente de caráter religioso, particularmente em meios fechados, são zonas de risco e devem ser cumpridas todas as orientações”, acrescentou.
Questionados sobre o número de crianças e jovens internados em Unidades de Cuidados Intensivos, tanto o Ministério da Saúde, como a DGS, referiram não ter para já esses dados. Contudo, Rui Portugal referiu que em conversa com “uma responsável de uma das maiores unidades de saúde do Sul do país para crianças” lhe foi dito que “não há praticamente casos nenhuns”.
O responsável alertou ainda para a gravidade da doença nos jovens. “A situação é caso a caso. Nós temos jovens no nosso país com comorbilidades, doenças crónicas e outras doenças. Naturalmente que uma situação de contágio com esta doença é uma situação de gravidade. Portanto diga-se que também nos jovens a doença pode ser grave relativamente”, afirmou.