A cultura em Portugal está de rastos. O marquês de Sade não escreveria algo mais escabroso. Nenhum fado podia ser cantado de forma mais triste. Todos os pincéis se tornaram em tintas grossas e pretas. E as cenas de teatro parecem sempre que estão no acto final. Isto seria o que uma escritora, escreveria metaforicamente para representar a fome dos artistas em Portugal. Não existe pão na mesa para alimentar as famílias.
Aquela ideia do artista boémio que pode viver do vinho e da carcaça é uma mera ilusão. Os artistas têm famílias para alimentar, contribuem com a vida, com a parte mais sensível da vida humana, e sim senhora ministra, três meses é tempo demais! Três meses, sem pão na mesa! Três meses sem perspectivas de futuro, três meses com contas de casa, três meses a ver adormecer os filhos, três malditos meses! Antes dessa entrevista, já tinha existido a badalada entrevista da “arte contemporânea” e do “drink” do final da tarde. Não existia, a sua arte contemporânea se não fossem os artistas a criá-la, e a perspectiva que tem do “drink” de final de tarde, também seria mera esfumaça se nunca tivesse o prazer de ler um livro, de ouvir música ou de assistir a uma peça de teatro. Portanto, os artistas são o coração que faz bater a rigidez do pensamento racional. Tratá-los como números e estatísticas é um erro mas pior que isso é deixá-los passar fome. Sim, fome. São os artistas que se entre ajudam. Que criam grupos de apoio para doarem alimentos, para distribuírem alimentos por todo o país. E nunca pedem demais! Pedem é que exista comida na mesa! E que aquelas palmas do antigamente, não sejam agora ocos batuques que não servem os interesses do Estado.
Até porque os artistas não se preocupam com a vergonha do Novo Banco, não estão preocupados com as políticas internas do país, querem apenas ser tratados com respeito. Com todo o devido respeito! E ter o apoio do Estado é o mínimo, no máximo dos seus contributos para que o coração da sociedade continue a bater!