Ganhar a lotaria é desejado por muitos e concretizado a poucos. Esse facto não é exclusivo da lotaria e acontece na esmagadora maioria das situações em que um ser humano se vê proprietário de qualquer coisa que detenha valor, mas que tenha obtido com extrema facilidade e seja, por esse motivo, dado como adquirido. É através do nosso tempo, esforço e sentimento de dever cumprido, que acredito que seja definido intrinsecamente o valor de algo por cada um de nós.
O Homem é extraordinário em muitos aspetos e, por esse motivo, é dotado de fantásticas capacidades que, por serem dado adquirido, não julgo que sejam tão valorizadas quanto merecem. Exemplo disso é a empatia.
Empatia permite-nos interagir socialmente de forma saudável, integra-nos na comunidade através da identificação com o próximo e da solidariedade que esta pode originar, tornando-se um fator de ligação e conexão entre a nossa espécie. Não ter consciência dessa capacidade e recurso na sua utilização quotidiana, faz de um qualquer indivíduo menos dotado para desempenhar qualquer função.
Não consigo perceber um melhor momento na História para aprender, quando toda e qualquer capacidade e área de conhecimento pode ser aprendida gratuitamente na internet, seja via YouTube, cursos gratuitos ou outra qualquer plataforma. Independentemente dessa disponibilidade e de as nossas gerações mais novas serem tão bem formadas academicamente como nunca antes, julgo que de pouco podem servir os conhecimentos se desprovidos de contexto.
Toda e qualquer atividade económica existe e é sustentável, à partida, enquanto resolverem problemas e as soluções forem valorizadas pelos utilizadores ou clientes. Quero com isto dizer que o contexto de resolução de um problema carece inevitavelmente do contexto em que o detentor desse mesmo problema se insere, e é aqui que a empatia surge como indispensável.
Sem empatia é difícil alguém colocar-se no lugar do outro, perspetiva sem a qual um qualquer indivíduo não consegue compreender a origem e natureza do problema. Para um problema existem muitas soluções, mas nem todas se adequam a toda a gente. Sem empatia, uma atividade económica é, essa sim, uma lotaria. Agora, mesmo que a origem já tivesse sido identificada, seres humanos não são absolutamente racionais, muito pelo contrário: são, em muitas das suas ações, irracionais e inconscientes. Tal faz com que uma compra e venda seja definida pela relação que é estabelecida pelos intervenientes, com origem na empatia existente entre ambos. Não consigo conceber um bom vendedor que seja distante dos seus clientes e seja bem sucedido a longo prazo. Será uma sorte se atingirmos frequentemente os nossos objetivos!? Julgo que não.
Imagine que o leitor ganha a lotaria semanalmente. Agora saiba que tal acontece sempre que se jogam os números certos – a empatia e a relação interpessoal com cada indivíduo em cada contexto – no jogo que é construir uma vida de sucessos. A empatia é uma autêntica árvore das patacas.