As boas notícias provenientes de Downing Street para o turismo português – e sobretudo para a região do Algarve – podem, afinal, ter tido a duração de uma efémera tarde soalheira britânica.
Paul Charles, especialista em viagens e antigo jornalista da BBC, costuma publicar diariamente no seu Twitter uma análise sobre a evolução da pandemia de covid-19 pelo mundo, e começou ontem a ser citado pela imprensa britânica que já prevê a saída de Portugal do corredor aéreo do Reino Unido nos próximos dias.
“Infelizmente, Portugal está a voltar rapidamente para a zona vermelha. O Governo português está a preparar o estado de contingência a partir de 15 de setembro. Muito provavelmente será adicionado à quarentena do Reino Unido a 5 de setembro [no próximo sábado]. A Grécia agora está âmbar [amarelo]. Itália tem os casos a aumentar mas ainda continua no verde”, escreveu o líder de empresa de consultadoria de turismo.
Recorde-se que o Governo de Boris Johnson abriu, em julho, “corredores aéreos” com vários países, mas decidiu excluir Portugal devido aos números da pandemia no país. Na prática, o turistas britânicos que decidissem passar férias em Portugal teriam de fazer uma quarentena obrigatória de 14 dias no regresso ao Reino Unido. No dia 20 de agosto, finalmente, o Governo britânico decidiu incluir Portugal na lista de países seguros. “Os dados também mostram que agora podemos adicionar Portugal aos países incluídos nos corredores de viagens”, anunciou o ministro britânico dos Transportes, Grant Shapps, no Twitter.
A decisão fez aumentar os voos para o aeroporto de Faro, que chegou a ser notícia na última quarta-feira, devido à confusão provocada pela chegada de oito voos e 800 passageiros em apenas uma hora. O aeroporto algarvio – que registou uma queda nos movimentos em 97% no segundo trimestre do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o boletim da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) – não estaria preparado para tanta afluência, tendo-se verificado o caos patente em imagens que se tornaram virais.
Caso se confirme que Portugal volta a entrar na “lista negra” do Reino Unido, o Algarve volta a perder um dos seus mais importantes mercados exteriores, agora em setembro e outubro, numa altura em que já se sonhava com uma (envergonhada) recuperação.
Ainda este sábado, em entrevista ao SOL, Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, referia a importância da decisão do Governo do Reino Unido em incluir Portugal no lote de países seguros: “Vai contribuir, naturalmente, para um aumento da procura por parte do mercado britânico em setembro e em outubro, que são os dois meses que faltam para completar a chamada época turística, mas são meses mais fracos”. “Vamos ter agora certamente mais gente, mais britânicos em setembro e em outubro, mas esta decisão abre sobretudo boas perspetivas para o setor turístico”, previa.