A escola começa dentro de poucas semanas e são ainda muitas as incertezas de como o ano irá decorrer. A DGS lançou uma série de diretrizes, que cada escola vai adaptar mediante a sua sensibilidade e possibilidades.
Do mesmo modo, a expectativa dos pais varia muito de família para família. Enquanto alguns estão relativamente descontraídos, outros esperam ansiosamente por informações – procurando os estabelecimentos que vão ao encontro do que consideram mais seguro para os seus filhos – e outros ainda optam por transferir os filhos para o ensino doméstico.
É impossível antecipar como o ano irá decorrer e a única certeza que temos não é motivadora: será necessariamente muito diferente do que desejaríamos. Há uma série de medidas que devem ser pensadas e repensadas com o maior cuidado, como a redução do tempo de intervalo; a distância física; o uso ininterrupto da máscara em docentes sobretudo com bebés e crianças pequenas e alunos com dificuldades ao nível da linguagem ou em iniciação à leitura; ou a proibição da entrada dos pais na escola, essencial à boa adaptação dos mais pequenos. Não descurando a saúde física, é fundamental não negligenciar também o impacto que estas medidas poderão ter noutros aspetos da vida das nossas crianças, como a saúde mental.
Apesar de sabermos que as condições estarão sempre longe de ser as ideais, é necessário ponderar até que ponto é benéfico adiar a entrada dos filhos na escola ou retirá-los da mesma, salvo em casos de crianças mais vulneráveis ou que coabitam com familiares de risco. Por um lado, embora a probabilidade possa ser mais baixa, nada nos garante que não venham a contrair o vírus de outra forma. Por outro, não nos podemos esquecer das vantagens que a escola traz às crianças, desde a socialização à variedade de experiências e mesmo à mudança de espaço e de contexto. Não me refiro a quem já tinha nos seus ideais o ensino doméstico ou colocar os filhos mais tarde na escola, mas a quem recorreu a esta decisão sem grande convicção, só para os proteger da pandemia. Há por exemplo um grande número de pais a improvisar pequenos grupos de crianças com uma professora ou educadora arranjada à pressão, necessariamente com uma estrutura e experiência muito aquém das de uma instituição. Não podemos tornar-nos reféns deste vírus e permitir que ele nos controle totalmente a vida e a dos nossos filhos. É importante não perder o bom senso e não nos deixarmos vencer pelo medo. A vida deve seguir com naturalidade e normalidade – dentro do possível – e com segurança, sem que nos leve a abrir mão das nossas convicções e a privar os nossos filhos mobilizando-os nos nossos receios.
Neste momento nenhuma solução é perfeita, mas devemos procurar aquela que apresenta o maior compromisso entre a segurança e a normalidade, sem incorrer em mudanças extremas.
Acredito que a seu tempo tudo voltará ao normal, até lá é bom não perdermos o norte. As escolas não podem levar ao extremo a segurança – negligenciando o que é essencial ao desenvolvimento saudável das crianças – ao mesmo tempo, cada família deverá cumprir as regras decretadas para que a escola seja o mais possível um sítio seguro e não se veja forçada a fechar. Sobretudo as crianças em idade escolar, que não só estão em fase de aprendizagem como necessitam de socializar, poderão ficar prejudicadas se voltarem a ficar meses a fio em casa. Já para não falar dos próprios pais.