As vespas asiáticas têm surgido cada vez com mais frequência em Portugal. E é principalmente nas zonas habitacionais que muitos moradores se têm queixado e alertado para o seu aparecimento. O SOL sabe que na semana passada, por exemplo, foi registado um caso de um ninho num prédio da Quinta das Conchas, em Lisboa, prontamente retirado pelos Bombeiros Sapadores de Lisboa – deram a explicação de que se tratava de uma situação rara e que havia sido o primeiro caso numa habitação de que tinham tido conhecimento na área de intervenção da corporação.
Mas não é caso único. No Facebook, são alguns os casos relatados no distrito de Coimbra, mais concretamente em Montemor-o-Velho. Comentários feitos por moradores, como «matei 26 dentro da sala de costura»; «também já me apareceram assim duas enormes» ou «andavam hoje a passear na minha cozinha», podem ser lidos. Há, porém, uma explicação para o facto de as vespas asiáticas surgirem em habitações nesta altura do ano. Ao SOL, Pedro Alves, biólogo da Quercus, explicou que esta é uma fase em que estes insetos se encontram à procura de alimento.
«Sei que o número de casos aumentou bastante no que diz respeito ao aparecimento de ninhos na zona de Setúbal. A vespa asiática é uma espécie invasora, está a ter uma progressão contínua no país ao longo destes anos. Nesta altura do ano, estão em expansão. Já fizeram os ninhos, já têm os ninhos secundários e neste momento estão a aumentar as populações para procurar alimento. E talvez seja por isso que haja mais agora, porque estão à procura de alimento e há muito mais vespas do que no resto do ano».
Sublinhou ainda que, nesta altura, a maior progressão no surgimento de vespas asiáticas acontece na zona centro do país, «embora haja também bastantes casos no Algarve. Mas elas entram nos prédios porque estão à procura de alimento. É normal nesta altura do ano», ressalvou.
Além disso, o biólogo fez ainda questão de ressalvar que é muito frequente confundir uma outra vespa com a asiática, deixando claro que há que ter cuidados em relação a isso. «Há uma vespa autóctone, que é a vespa crabro, que muitas vezes é confundida com a vespa asiática. E a autóctone não deve ser morta», reforçou Pedro Alves, solicitando que, no caso de os moradores encontrarem vespas asiáticas nas suas casas, o melhor é não destruir o ninho com as próprias mãos.
«É importante que as pessoas comuniquem ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)_ou à Proteção Civil, porque é importante que seja identificada a localização desses mesmos ninhos, mesmo que queiram eliminar com as próprias mãos», rematou.
O SOL tentou ainda contactar o ICNF para obter mais esclarecimentos, mas não obteve resposta até à hora de fecho desta edição.
Há cerca de um ano, recorde-se, os jardins da Quinta das Conchas e da Quinta dos Lilases, também em Lisboa, foram encerrados ao público, depois de ter sido encontrado um ninho de vespas asiáticas numa das árvores.