Se receber sementes oriundas da Ásia pelo correio, não as semeie ou deite para o lixo: esta é a indicação do Ministério da Agricultura, que tem vindo a alertar para o envio postal de pacotes dessas mesmas sementes e a solicitar que sejam reencaminhadas para as direções de agricultura. Mas, segundo o i conseguiu apurar, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) ainda não recebeu qualquer pacote nos seus serviços.
“O alerta foi agora lançado, pelo que esperamos que quem tenha recebido estas encomendas as reporte. No entanto, já tivemos alguns contactos de pessoas que têm estado a receber pacotes de sementes e que nos pediram conselhos sobre o que fazer. O registo das ocorrências em Portugal é, portanto, muito recente. Ainda não foi recebido pelos nossos serviços nenhum pacote, pelo que não dispomos de informação sobre os tipos de semente e origens”, começou por dizer ao i a subdiretora da DGAV, Paula Carvalho, que adiantou ainda os países onde estas sementes começaram a circular.
“Esta situação vem sendo seguida desde o final de julho, com os primeiros casos reportados dos serviços de agricultura americanos, e entretanto através de comunicações entre os vários ministérios da agricultura dos países da União Europeia. Sabemos que foram já identificadas, até à semana passada, em França, Alemanha, Holanda e Reino Unido várias espécies vegetais diferentes e originarias de vários países asiáticos”, sublinhou.
Mas a razão pela qual estas sementes não devem ser semeadas é clara. Ao i, a presidente da Quercus, Paula Nunes da Silva, explicou que podem trazer microrganismos patológicos que causam “graves problemas”. “Existem leis associadas ao transporte de material vegetal. E as sementes são um material vegetal. Para um cidadão comum, isto pode parecer inofensivo – e a Quercus tem alertado para estas situações. Mas os cágados, por exemplo. As pessoas vão comprar os cágados, mas quando começam a crescer já não os querem e vão deixá-lo ao ribeiro mais próximo. E tornam-se invasores. Não sabendo a proveniência das sementes, é um grande perigo pegar nestas sementes e semeá-las”, reforçou. E a subdiretora da DGAV acrescentou: “Pode traduzir num risco fitossanitário pela possível entrada e dispersão de pragas e doenças das plantas. Por outro lado, pode tratar-se de espécies vegetais exóticas com capacidade invasora, podendo assim, se semeadas, constituir um risco ambiental importante”, concluiu.
O i sabe que também a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo “não recebeu qualquer tipo destas encomendas” e que a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) recebeu apenas o alerta de que estão a surgir casos de pessoas a receber pacotes de sementes asiáticas em Portugal.