O tempo voa. Quando vos deixei, há mais de um ano, estava longe de imaginar as fatais alterações nas nossas vidas. Longe de imaginar um evento tão devastador na vida de cada um de nós individualmente considerado, um evento multiplicado à escala planetária capaz de condicionar a humanidade inteira, ao mesmo tempo. Condicionamento simultâneo da raça humana no tempo e no espaço, numa visão quase materializada dos cavaleiros do apocalipse a galope.
E se são fatalmente os países mais pobres e subdesenvolvidos os mais duramente atingidos pela pandemia, também no ocidente rico e desenvolvido, para além das mortes, enfrentamos a crise económica com o seu rasto de falências e desemprego.
E se a pandemia ter custos brutais é uma inexorável verdade, não é menos verdade que daqui por diante vamos assistir publicamente ao Governo desculpar-se sempre com a covid.
A pandemia explica quase tudo o que sucedeu desde março, mas não explica nada do que está para trás.
Portugal governado pelas esquerdas desde 2015, aumentou a dívida pública, fez menos investimento público do que no último ano de governo PSD/CDS e brindou-nos com a maior carga fiscal de sempre.
Não foi culpa do vírus, foi culpa de António Costa que nos forçou a todos a pagar o preço do almoço bem caro que resolveu ter com Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. Não se discute a quantidade gigantesca de recursos financeiros que no presente são necessários no apoio às empresas e às pessoas, mas somos forçados a perguntar: como estaria o país a lidar com os custos da pandemia se as opções políticas tivessem sido outras?
Como estaríamos agora com menor dívida pública, com mais investimento público, com menor carga fiscal e com reformas que nos tivessem tornado mais produtivos e competitivos?
Em Lisboa, a situação é mais grave ainda: do Turismo, uma espécie de bebedeira seca que deu lucros avultados aos operadores, hoteleiros, restaurantes e pleno emprego, sobra apenas uma ressaca tremenda que ninguém sabe como ultrapassar.
A governarem Lisboa desde 2007, a cidade é aquilo que os socialistas quiseram para ela e entre 2015 e 2020 governaram com cofres cheios. Fernando Medina, até março de 2020, foi um presidente inebriado pela riqueza quando declarava que o Turismo valia em Lisboa seis Autoeuropas. A riqueza encobria todas as promessas não cumpridas e falhanços épicos.
Não foi a pandemia a culpada pelas 5000 casas não construídas para a classe média, prometidas desde abril de 2015. Não foi a pandemia a culpada pelos 14 centros de saúde não construídos. Não foi a pandemia a culpada pelo falhanço da Carris, empresa municipal desde 2017, como transporte preferido dos lisboetas. Não foi a pandemia a culpada pela condenação iminente da Câmara a pagar 300 milhões de euros à Bragaparques.
Fernando Medina, para omitir a incompetência, dirá que a culpa é da pandemia. A desgraçada que se prepare porque terá as costas bem largas.