Um projeto na zona do Beato, freguesia do concelho de Lisboa – mais concretamente na Rua do Açúcar –, que pretende construir uma megatorre para um condomínio de luxo, está a ser levado a cabo pelo grupo suíço MGB Development e até já foi apresentado aos marvilenses. Os moradores, comerciantes e trabalhadores da zona já foram convidados para uma exposição na própria sede – que decorreu durante uma semana –, com o objetivo de dar a conhecer o projeto aos habitantes e frequentadores daquela freguesia da capital.
O SOL apurou que o grupo suíço em questão, que comprou a antiga sede da empresa de navegação portuguesa Soponata – Sociedade Portuguesa de Navios Tanques, adquiriu também terrenos e armazéns adjacentes à Sociedade Geral de Projetos Imobiliários e Serviços, local que acolheu também a redação do jornal i e deste semanário nos últimos quatro anos e meio.
A Câmara Municipal de Lisboa diz, porém, não conhecer qualquer tipo de projeto naquela zona. «Pela localização e indicações não conseguimos identificar o projeto», revelou ao SOL fonte da autarquia, remetendo novas informações para mais tarde.
O SOL tentou ainda entrar em contacto com o responsável do grupo MGB Development, mas até à hora de fecho desta edição não obteve qualquer resposta.
Este grupo, recorde-se, comprou a antiga sede da Sonopata, que foi criada a 13 de junho de 1947, acabando por ser considerada uma das empresas importantes que fez parte da Marinha Mercante Portuguesa. «Durante a Segunda Guerra Mundial, as dificuldades de abastecimento de combustíveis, aliadas à ausência de frota de navios petroleiros, acentuaram a dependência energética de Portugal face aos países com companhias transportadores de petróleo. O então Ministro da Marinha, Almirante Américo Thomaz, defendeu a ‘constituição de uma companhia de navegação a que fosse atribuída a exploração de todos os navios tanques portugueses’», pode ler-se no site oficial da Comissão Cultural da Marinha.
O edifício da Rua do Açucar tem na fachada um painel de azulejos da autoria conjunta de Júlio Pomar e Alice Jorge, que ainda hoje é um dos pontos turísticos da zona, com frequentes grupos de visitantes portugueses e estrangeiros.
Além disso, o seu amplo hall de entrada é também forrado a azulejaria da antiga fábrica Viúva Lamego.