A ministra da Saúde, Marta Temido, inaugurou a primeira reunião aberta sobre covid-19 entre peritos e decisores políticos, que decorreu na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e considerou que “Portugal está melhor preparado para enfrentar a nova fase”.
"Hoje Portugal está melhor preparado para enfrentar a nova fase, temos mais recursos, mais organização, mais conhecimento. Temos pela frente um contexto complexo", disse.
Os trabalhos começaram com um ponto de situação epidemiológico feito por Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral da Saúde.
"Parece-nos ser necessário reforçar as medidas não farmacológicas", disse, referindo-se a medidas de higiene e distanciamento, em particular nos idosos acima dos 80 anos e jovens entre os 20 e 30 anos, que lideram as incidências.
Coabitação e locais de trabalho são os principais contextos de transmissão
Entre 17 e 30 de agosto, 49% dos novos casos terão sido contágios entre coabitantes e 16% em contexto laboral.
Mora, Sernancelhe, Armamar, Arouca, Vila Verde e Arraiolos são os concelhos com mais casos por 100 mil habitantes, acima de 75 casos por 100 mil habitantes
Letalidade “estável”
Pedro Pinto Leite terminou a apresentação referindo que a letalidade se encontra estável, situando-se em 3,1%. O grupo etário dos 80 anos é o que tem maior risco, com uma letalidade de 19,1%.
Seguiu-se uma intervenção de Ausenda Machado, especialista do Instituto Ricardo Jorge, que apresentou a evolução da curva epidémica no país em comparação com o resto da Europa. São usados dois indicadores: a incidência cumulativa a 14 dias ajustada à população e o RT. A 8 de julho, data da última reunião no Infarmed, Portugal estava abaixo do patamar dos 40 casos por 100 mil habitantes e registava um RT inferior a 1. Atualmente está acima dos dois patamares, integrando a lista dos países europeus com a situação epidemiológica mais desfavorável que inclui Espanha, França, Áustria, Croácia e República Checa. De todos estes é o que tem a situação menos “danosa” disse Ausenda Machado, sublinhando que a evolução dos diferentes países ao longo dos últimos meses mostra uma atividade dinâmica.
Região Centro e região Norte com os maiores índices de contágio
Ausenda Machado apresentou também a evolução do RT nas diferentes regiões desde a última reunião.
– Na região Norte, o RT era de 1,08 a 8 de julho e situou-se na última semana de agosto em 1,19
– Na região Centro, o RT era de 0,98 no início de julho e é agora de 1,22
– Em Lisboa e Vale do Tejo, o RT era de 1,1 e é agora de 1,07
– No Alentejo, era de 0,93 e situa-se em 0,91 (é a única região do país onde não existe uma tendência crescente da epidemia)
– No Algarve, era de 1,05 e atualmente situa-se agora em 1,08