A verdade é que o Conselho Superior da Magistratura, e tudo o que diga respeito aos juízes em Portugal, está coberto por um manto, pouco humano, extremamente distante e do qual pouco ou nada se sabe.
O mais comum dos humanos tem a percepção, se lhe perguntarem, que um juiz não é humano. Que é uma máquina que opera num tribunal. No entanto, os juízes são e representam aquilo que de mais importante temos, a nossa sensação de proteção, de justiça e de reparação de danos. E para isso é preciso que os nossos juízes sejam humanos e não apenas livros de direito! Já não é plausível que a forma como exercem seja feita de forma negra, como as mesmas vestes que usam, sem qualquer expressão facial, e pior, sem poderem enquanto cidadãos expressar a sua opinião.
Isto não é uma questão, masculina ou feminina, é uma questão de ultrapassar as barreiras impostas pela magistratura da velha guarda! A única coisa que a juíza conselheira Clara Sottomayor fez foi dizer que deviam ser investigadas as causas da morte de uma criança brutalmente assassinada e questionar o funcionamento dos tribunais nas regulações das responsabilidades parentais! E com toda a razão! Ao fazer isso é castigada, amordaçada, condicionada, ostracizada? São estes os juízes que queremos ter nos nossos tribunais? Tal como o Professor Rui Pereira disse e muito bem, se não fossem mulheres como Ruth Ginsburg – a juíza do tribunal supremo norte americano que abertamente defende as mulheres dizendo: “As mulheres só vão ter a verdadeira igualdade, quando os homens partilharem com elas, a responsabilidade de criar a próxima geração!”- a justiça não evoluía! E ela foi aplaudida e não sancionada. Não nos podemos esquecer que vivemos em democracia! E eu acho que a magistratura precisa então de mostrar a sua face humana, que é algo que a Clara faz! Jamais pode merecer uma advertência ou castigo por isso! No mínimo, merece aplausos. No máximo, uma ovação de pé!