Os investimentos por firmas estatais da China na União Europeia (UE) podem ter implicações geopolíticas que afetam a competitividade dos países-membros. O alerta é dado pelo Tribunal de Contas Europeu, numa avaliação às oportunidades e riscos desta tendência. Esta chamada de atenção ocorre numa altura em que a UE tenta fechar um tratado de investimento com Pequim que garanta maior acesso ao mercado chinês pelas empresas europeias, mas os auditores europeus alertam que é necessária “mais unidade” para “lidar” com o investimento direto chinês na Europa.
Uma particularidade dos investimentos diretos chineses é que são amplamente direcionados para áreas de importância estratégica: transportes e infraestruturas (29,1%), tecnologias da informação e comunicação (12,4%) ou energia (10 ,1%). A indústria automóvel e a hotelaria e imobiliário representam 14,1% e 11,2%, respetivamente.
O relatório do Tribunal de Contas Europeu inclui, pela primeira vez, uma lista de 18 riscos e 13 oportunidades que estes investimentos, impulsionados pelo Estado chinês, acarretam.
Mais de metade dos riscos identificados são políticos ou económicos, mas há-os também nas áreas de sociedade, tecnologia ou ambiente. O Tribunal de Contas aponta que os investimentos chineses em áreas sensíveis ou estratégicas da UE “podem afetar a segurança ou a ordem pública” ou enfraquecer a propriedade de infraestruturas estratégicas por Estados, com “implicações geopolíticas”.
A falta de reciprocidade na relação entre a UE e a China está relacionada com “vantagens injustas” desfrutadas pelas empresas chinesas, enquanto as “dívidas financeiras incontroláveis” das estatais chinesas na UE e em países terceiros podem resultar em falências com perdas colaterais estratégicas.
Outro risco enfatizado pelos auditores é que a competitividade a longo prazo da União Europeia pode ser adversamente afetada pela “transferência forçada de tecnologia” para a China.