O incêndio que deflagrou ao início da tarde de domingo em Proença-a-Nova e alastrou para os concelhos vizinhos de Oleiros e Castelo Branco foi dado ontem como dominado após três dias de combate e mais de 16 mil hectares ardidos, como já havia noticiado o i esta quarta-feira. Em jeito de balanço, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sublinhou que há indícios de mão criminosa neste fogo, que “tinha e tem um potencial elevadíssimo de risco” devido às características da floresta e também da meteorologia adversa que se fez sentir.
“Este incêndio teve condições de desenvolvimento extremamente violentas nas primeiras horas”, disse Eduardo Cabrita em declarações aos jornalistas em Proença-a-Nova, sublinhando que se tratou de milhares de hectares ardidos nas primeiras dez horas de combate.
A projeção, feita logo no domingo, apontava para 50 ou 60 mil hectares ardidos, mas, segundo o ministro, “ficámos muito longe disso”. “Teria sido um potencial de crescimento verdadeiramente catastrófico”, avançou.
Cerca de dez bombeiros ficaram feridos no teatro de operações, dos quais dois bombeiros de Proença-a-Nova ficaram com ferimentos graves. Um deles já teve alta hospitalar, mas outro ainda se encontra internado, apesar de estar livre de perigo.
“As alterações climáticas e as características da floresta são os elementos fundamentais em que devemos investir. É sempre possível analisar como melhorar as condições de combate e a articulação entre entidades e retirar daí lições”, salientou o ministro, destacando a diminuição do número de ocorrências. “Há menos ocorrências, mas ocorrências com nível de risco e de dificuldade muito significativo”, ressalvou.
Este incêndio foi considerado “um dos maiores da Península Ibérica” este ano e, “provavelmente, um dos maiores fogos da Europa”, tal como havia revelado ao i Emanuel Oliveira, consultor na área de risco de incêndios florestais: “As primeiras horas contaram com meteorologia adversa e isso complicou muito a tarefa do combate. Existiu também um alinhamento entre o vento e as ravinas. O vento entrou e canalizou precisamente nessas ravinas. E isso também complicou e manteve-se durante horas”.
Em Oleiros, recorde-se, houve fogos em 2018 e também durante o ano passado. E em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, é impossível esquecer a tragédia que tirou a vida a 66 pessoas, em 2017. “É tudo praticamente na mesma região. Devíamos ter agilidade para fazer uma série de intervenções que fazem falta. É preciso mais. O que mudou desde 2017? Muito pouco”, referiu Emanuel Oliveira, exigindo maior prevenção no que toca aos incêndios.