R está acima de 1 em todo o território nacional

O indicador R avalia quantas pessoas serão infetadas, em média, por um doente com covid-19.

A conferência de imprensa das autoridades de saúde desta sexta-feira, sobre o balanço diário da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, contou com a presença da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas,  da ministra da Saúde, Marta Temido e do epidemiologista do Instituto Ricardo Jorge, Baltazar Nunes. Foram abordados vários assuntos como a celebração do 13 de outubro no Santuário de Fátima, a segurança no regresso às aulas e a importancia da vacinação. 

Marta Temido começou por anunciar que a grande maioria dos casos reportados nas últimas 24 horas ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo (54%), seguida da região do Norte (32%). Os seis óbitos ocorreram em Lisboa e Vale do Tejo e todas as vítimas mortais com menos de 69 anos (3) tinham doenças associadas, de acordo com a ministra da Saúde. Marta Temido afirmou ainda que existem 127 surtos ativos na região Norte e 78 na região de Lisboa e Vale do Tejo. 

O epidemiologista do Instituto Ricardo Jorge Baltazar Nunes explicou que, neste momento, o indicador R, que avalia quantas pessoas serão infetadas, em média, por um doente com covid-19, está acima de 1 em todo o território nacional. Entre os dias 9 e 13 de setembro, o valor do R foi de 1,15. "Estamos numa terceira fase de crescimento do vírus. A primeira foi em abril e março, durante o início da pandemia; a segunda em maio e junho, com o aumento de casos em Lisboa e Vale do Tejo. E agora uma terceira fase em finais de agosto e início de setembro. A evolução vai depender da efetividade das medidas de saúde pública", sublinhou.

Questionada sobre as mudanças no Governo nos últimos dias, como a saída de Jamila Madeira da pasta da saúde que diz ter sido "apanhada de surpresa", Marta Temido afirma que "remodelações fazem parte das dinâmicas dos governos". "Quando assumi esta pasta percebi que o respeito pelos profissionais das pastas da saúde são enormes. Todos nós já alterámos equipas de trabalhar e sabemos que as mudanças acontecem", aponta a mesma. 

Com o regresso às aulas foram levantadas várias preocupações por parte dos encarregados de educação, como os ajuntamentos de alunos à porta das instituições. Marta Temido assume que este é um problema mas afirma que o Governo está a tentar melhorar a situação: "Acreditem que os vários setores do governo estão a tentar fazer o melhor para procurarem as melhores soluções possíveis. Todos nós já passámos por experiências pessoais de adaptação. A vida com a covid é muito mais difícil. É um esforço de todos", afirma.  A ministra volta a recordar que ainda não existe uma vacina contra o novo coronavírus e que é necessário continuar com precuações. "Pedimos às escolas para que haja ventilação natural e para que ninguém vá doente para a escola", acrescentou. 

Questionada sobre os efeitos adversos de alguns medicamentos utilizados para atenuar a covid-19 nos doentes, como tem sido noticiado em vários países, a ministra afirma que estão a ser tomadas medidas por serem a forma mais eficaz de travar o vírus. "O que sabemos que todos os países estão a tentar fazer é procurar o melhor equilíbrio possível", garante. 

Sobre a celebração do 13 de outubro, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirma que vai ocorrer uma reunião entre as autoridades de saúde e a Igreja Católica para a semana, onde serão definidos moldes para que o evento decorra da forma mais segura possível. "Temos toda a confiança na organização do Santuário", garantiu a responsável. 

Graça Freitas utilizou ainda a conferência de imprensa desta quinta-feira para lançar um apelo à população sobre a importancia da vacinação. "Apelo a que todos os que tenham indicação para se vacinarem que o façam. Este ano ainda é mais importante para os grupos de risco", afirma a diretora-geral da Saúde, que diz que o SNS comprou mais vacinas do que nos períodos homólogos este ano. 

"Comprámos mais de dois milhões de doses a duas firmas. São vacinas com bastante qualidade e aprovadas pela OMS. Uma das firmas conseguiu antecipar as entregas e já temos 150 mil vacinas nas ARS, o que nos vai permitir antecipar a vacinação este ano. Habitualmente começamos a campanha da vacinação a 15 de outubro, este ano começamos a 28 de setembro", diz ainda a governante. 

Sobre se as crianças devem ou não utilizar máscaras para se protegerem da covid-19, Graça Freitas afirma que as autoridades de saúde acreditam que a utilização desta é "mais benéfica do que prejudicial para as crianças". Por outro lado, a responsável sublinha que esta pode afetar-lhes o desenvolvimento "por não poderem reconhecer expressões faciais".