O bailarino e antigo diretor da Companhia Nacional de Bailado (CNB), Jorge Salavisa, morreu na madrugada desta segunda-feira, aos 81 anos. Salavisa já tinha lutado no passado contra um cancro agressivo, ao qual conseguiu sobreviver.
Nascido em Lisboa, em 1939, Jorge Salavisa cresceu em África, mas acabou por voltar para a capital para estudar. Estreou-se como bailarino na companhia do Marquês de Cuevas, em Paris, e a partir daí dançou um pouco por todo o mundo e com várias companhias e casas, entre as quais o London Festival Ballet, onde trabalhou durante 14 anos, de digressão em digressão.
Em 1977, e depois de, aos 35 anos, já ter posto um ponto final na carreira de bailarino para se dedicar ao ensino e direção, voltou a Portugal tendo, nas décadas seguintes, feito parte da história da modernização da dança no país. Logo no regresso, foi diretor do Ballet Gulbenkian. Em 1994, foi convidado para ser o programador e diretor artístico na Lisboa 94 Capital da Cultura. Ainda antes deste período, já dava aulas quer no Conservatório de Dança quer em companhias fora do país.
Em 1997 e 1998, nos anos em que a CNB atravessou uma quase “segunda fundação”, nas palavras de Rui Vieira Nery, então secretário de Estado da Cultura, foi nomeado para diretor da Companhia. “Um dos objetivos programáticos de Salavisa foi introduzir um novo reportório, aliado a uma nova imagem, que remetia para a revelação de novos valores. A sua primeira produção foi Cinderella, de Michael Corder, em março de 1997 e, em agosto, estreava Cantoluso, da autoria de três então bailarinos da companhia, revelados nos estúdios coreográficos: Armando Maciel, Rui Lopes Graça e David Fielding”, recorda a CNB na sua página oficial.
Da CNB seguiu mais tarde para o Teatro São Luiz, do qual foi diretor artístico até 2010, ano em que se reformou. Começou então a colecionar os pedaços do seu caminho. Em 2012, publicou as suas memórias no livro Dançar a Vida (D. Quixote). No ano anterior, Marco Martins dedicou-lhe o documentário Keep Going Jorge Salavisa, no qual percorreu os caminhos do mais proeminente bailarino português do século passado.