O ataque à iniciativa privada

Muito se tem falado sobre a pandemia. Há meses que parece que mais nada acontece. Quase todas as notícias são sobre o número de infetados, da vacina que vai resolver tudo, ou de um qualquer lar onde idosos foram deixados ao abandono.

por Pedro Antunes
Empresário

Depois fala-se do acessório à pandemia. Na saúde a conversa é a preparação para a segunda vaga, o inverno, a interação do vírus da COVID com a gripe. Sobre a educação nada se fala sobre um ano perdido, apenas sobre as medidas melhor ou pior implementadas em cada escola, nas turmas que voltam ao isolamento preventivo.

Pouco se fala sobre o relançamento da economia. Tudo passa por mais Estado.

Hoje temos mais Estado do que nunca e sem qualquer sinal de que isso vá reduzir. É ver o plano de António Costa Silva, a falar num enorme aumento do investimento público. Voltámos aos elefantes brancos do TGV e equivalentes. Todos nos lembramos do sucesso que foi a última vez que andamos por estas águas. Tudo isto pago com fundos comunitários (parece que vêm para aí uns 60 mil milhões de euros nos próximos anos), mais um ou outro imposto sobre os depósitos dos “ricos”, ou uma outra taxinha que se invente.

Desta vez até estão mais imaginativos. Este governo lembrou-se de propor uma linha de crédito para pagar impostos! Não basta aumentarem despesa corrente. Não basta planearem despesismo desbragado. Não basta aumentarem a carga fiscal… ainda nos querem por a endividar para pagar impostos…

Para quem tenha dúvidas: Um país que precisa de linhas de crédito para pagar impostos é um país sem economia, é um país insustentável!

E é especialmente frustrante quando há algumas medidas simples que se podiam tomar, cuja implementação podia ser rápida e os efeitos instantâneos.

Pagamento de toda a dívida vencida a fornecedores do Estado. Mesmo que seja necessário aumentar dívida pública, a economia endividava-se mais barato, mas o Estado pagava aos fornecedores. Em tempos de contração instantânea de procura é uma bolha de ar para muitas empresas. Isto não é melhor do que subsídios estatais e empréstimos para pagar mais impostos?

Criar uma task-force para ajudar a Camara Municipal de Lisboa e Porto a acelerar os processos que têm em mãos para investimentos nas respetivas cidades. Aprovando ou chumbando, mas limpando o pipeline. A injeção de dinheiro que entraria na economia, alimentando empreiteiros, fornecedores de material, emprego, acelerando o acesso à habitação, o overspill para os cafés, restaurantes e economia em geral… é uma panaceia em tempos difíceis que já chegaram.

Infelizmente isto não vai acontecer. Vão aparecer mais impostos (sobre os depósitos?), promovendo a saída de capital do país e reduzindo ainda mais a capacidade interna de investimento. Vão aparecer mais subsídios; promovendo uma maior dependência do sector privado do Estado e financiando planos de negócio insustentáveis.

Estamos a matar a iniciativa privada, o potencial de crescimento do país, o bem-estar dos portugueses.