Um estudo divulgado esta terça-feira pela Ordem dos Médicos (OM) revela que 89% dos inquiridos quer hospitais livres da covid-19 e que 87% considera que deveria "haver alas e percursos nas instituições/serviços de saúde dedicadas à covid-19, para não misturar estes doentes com pessoas com outras doenças".
O estudo “Acesso a cuidados de saúde em tempos de pandemia” foi promovido pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) e pela Ordem dos Médicos com o objetivo de auscultar a perceção dos portugueses relativamente à pandemia do novo coronavírus e o seu impacto no acesso aos cuidados de saúde. Para o questionário foram inquiridas mais de 1000 pessoas maiores de idade residentes em Portugal Continental.
Outras conclusões retiradas do estudo, apontam que 83% dos inquiridos é a favor de realizar testes de diagnóstico a todos os utentes e profissionais de saúde de modo a prevenir o contágio por covid-19; 88% assume ter “elevada confiança” nos médicos e enfermeiros; 77% acredita que estão a ser tomadas todas as medidas para garantir a segurança dos doentes; 68% tem confiança para receber tratamento no seu centro de saúde e 65% num hospital público.
Relativamente à organização dos sistemas de saúde, 83% considera o longo tempo de espera para ser atendido o maior problema, 81% as salas de espera sobrelotadas e 71% o facto de os médicos “verem muitos doentes ao mesmo tempo”.
Quando questionados acerca do Sistema Nacional de Saúde, 43% dos inquiridos diz que este não estava bem preparado em termos de recursos humanos para lidar com a pandemia e 58% acredita que a falta de preparação em termos de equipamentos e instalações era o problema.
O estudo conclui que a resposta do Governo à pandemia, relativamente aos investimentos feitos em diversas dimensões, foi moderada – não era positiva nem negativa. Um terço dos inquiridos afirma que "houve alguma irresponsabilidade nos gastos que foram realizados a propósito da pandemia, já que vão empurrar o país para uma grave crise económica".
Em relação ao investimento público, os portugueses percecionam que a Saúde é a área para onde é canalizado mais dinheiro – 56% acredita que a Saúde é a área com maior investimento seguida da Segurança Social com 50%. Apesar disto, 73% considera que o investimento na Saúde é insuficiente tal como 58% na Educação e 53% na Segurança Social.
Mais de metade dos doentes crónicos com medicação regular, passaram a recebê-la em casa ou numa farmácia próxima de si, devido à pandemia. 76% acredita que este serviço deve continuar.
A APAH e a OM promoveram este estudo no âmbito do Movimento Saúde em Dia, em parceria com a Roche, com a intenção de alertar a população para “a importância de estar atenta a sintomas e sinais que precisem de observação médica, mas sem esquecer também as regras já conhecidas para combater a pandemia".