Com quase 770 mil casos de infeção e 32 mil mortes, Espanha é um dos focos mais preocupantes de covid-19 no mundo. De forma a travar esta subida, o Governo de Espanha pretende estender as restrições da periferia de Madrid, onde se localiza grande parte dos casos, para toda a capital.
Apesar de inicialmente o Governo regional de Madrid ter refutado este confinamento total, ontem, o Governo espanhol anunciou que este acordo se estende a toda a capital e a localidades da periferia onde a situação epidemiológica é “preocupante”.
O confinamento será imposto às localidades que superam a taxa de 500 contágios de coronavírus por cada 100.000 habitantes num período de 14 dias, taxa de casos positivos superior a 10% e ocupação de unidades de cuidados intensivos superior a 35%.
Por enquanto, as localidades que terão de enfrentar estas restrições são Alcalá de Henares, Alcobendas, Alcorcón, Fuenlabrada, Getade, Leganés, Torréjon de Ardoz, Móstoles e Parla.
As medidas preveem, em particular, uma interdição à entrada ou saída da capital espanhola com exceção de casos específicas, como deslocações para trabalhar ou para levar crianças à escola; um máximo de seis pessoas em ajuntamentos sociais; encerramento de parques infantis; novos limites em velórios; hotéis, restaurantes e casinos, que passam a operar com uma lotação máxima entre 50%, em espaços fechados , a 60%, em espaços abertos; restaurantes e bares só podem aceitar até um máximo de 6 pessoas e desportos (não federados) não podem ser praticados por mais de 6 pessoas.
“Não estamos em rebeldia” Em Espanha, as autoridades regionais têm competência exclusiva em matéria de saúde e o Governo central não tem o poder de lhes determinar as suas decisões. Desde o fim do estado de alarme, a 21 de junho, que esta responsabilidade voltou para as mãos das comunidades autónomas.
As negociações deste acordo apenas têm contribuído para criar mais fraturas entre o Governo espanhol e os Governos regionais.
As comunidades de Madrid, Catalunha, Galiza, Múrcia e Ceuta informaram, depois de uma reunião entre o ministro da Saúde e os responsáveis do setor nas comunidades autónomas com uma maior incidência da pandemia de covid-19, que não apoiavam esta decisão.
No entanto, a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, já voltou atrás com a palavra e informou que a capital cumprirá “de maneira estrita” as ordens do Governo. “Esta comunidade não está em rebeldia, este Governo não está em rebeldia”, disse na Assembleia regional de Madrid.
Mas a presidente não deixou de salientar que, uma vez que foram aprovados temas sem o consenso das comunidades autónomas, ia levar o executivo aos tribunais para “defender os interesses legítimos dos madrilenos”. O decreto publicado esta madrugada diz que a sua implementação é “obrigatória para todas as regiões” no prazo máximo de “48 horas”.