Vejo que quem vive de rendas de casa, embora possa receber abaixo de qualquer português, e não deixe de ter as suas obrigações públicas, é dado quase como uma espécie de ladrão.
Vem isto a propósito de ter lido num jornal que o IPO tencionava desvincular-se de uns tantos inquilinos (o jornal falava em 9), para gastar o dinheiro de um prédio seu, que precisava de obras e de um investimento de que se afirmava incapaz, na sua principal finalidade, que é a de cuidar de doentes oncológicos.
Mas como se tratava de casas alugadas, até a vereadora de habitação da Câmara de Lisboa se afirmou ‘estupefacta’ com a atitude do IPO, embora ninguém destes se chegasse à frente para comprar as casas, nem a Câmara nem os inquilinos. É a tal coisa, nisto de ser senhorio, até o IPO é uma espécie de criminoso, sem o direito de dedicar o que é seu às suas principais finalidades, que afinal concluímos nem serem bem vistas por todos, havendo quem prefira que se dedique a ajudar os que precisam de casa, para não se maçarem a procurá-la (como a maioria dos portugueses precisam, enfrentando as dificuldades do sector).
Pois o assunto parece ter sido resolvido por um departamento do Estado (o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana – IHRU), que para isso comprou o dito prédio a outro departamento do mesmo Estado. E criou assim um precedente, talvez perto das eleições. Vamos esperar para ver se o IHRU vai esforçar-se por arranjar casa para todos os que não a têm (à custa dos contribuintes, evidentemente), o que talvez acabasse por nem ser assim mal. Porque o dinheiro destinado à habitação das ajudas europeias, pelo Governo, parece não chegar assim para tanto.
Talvez fosse bom dizer aos senhorios, por mais miseráveis que sejam, para acabar com a sua actividade, que é mal vista.