40% das empresas da restauração já despediram trabalhadores desde o início da crise pandémica

Dados da AHRESP revelam ainda que, no setor do alojamento turístico, 25% das empresas já o fizeram.

Desde o início da crise pandémica, 40% das empresas do setor da restauração e bebidas já despediram trabalhadores. Esta é uma das conclusões do inquérito mensal da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) à atividade turística. Segundo a associação, estes dados “revelam empresas desesperadas e sem soluções à vista para evitar despedimentos e insolvências em massa”.

No setor da restauração e bebidas, o inquérito da AHRESP concluiu que cerca de 32% das empresas ponderam avançar para insolvência, uma vez que as receitas realizadas e previstas não vão  permitir suportar os encargos habituais para o normal funcionamento da sua atividade.

Para as empresas inquiridas, a faturação relativa a “foi devastadora”, com mais de 63% das empresas a registarem quebras homólogas de faturação acima dos 40%. Numa análise ao período de Verão (junho a setembro), mais de 31% das empresas registaram quebras entre os 50% e os 75%, e cerca de 29% indicaram quebras acima dos 75% face ao Verão de 2019.

“Como consequência da forte ausência de faturação, cerca de 9% das empresas não conseguiram efetuar o pagamento dos salários em setembro e 13% só o fez parcialmente”, diz a representante do setor.

Das 40% de empresas que já efectuaram despedimentos desde o início da pandemia, 29% reduziram o quadro de pessoal entre 25% e 50%, e cerca de 14% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo. Cerca de 18% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano.

Já do lado das empresas do Alojamento Turístico, as dificuldades são semelhantes. Durante todo o mês de setembro, 18% das empresas não registaram qualquer ocupação e mais de 19% indicou uma ocupação máxima de 10%. Mais de 28% das empresas inquiridas revelaram, para o mês de setembro, uma quebra homóloga superior a 90% na taxa de ocupação.

Para o mês de outubro, cerca de 29% das empresas estimam uma taxa de ocupação zero, e 29% das empresas perspetivam uma ocupação máxima de 10%. Para os meses de novembro e dezembro a estimativa de ocupação agrava-se substancialmente, sendo referida por cerca de 50% das empresas.

No período de Verão (junho a setembro), cerca de 50% das empresas registaram quebras acima dos 75%, face ao Verão de 2019.

Com estas perdas, 14% das empresas ponderam avançar para insolvência por não conseguirem suportar todos os normais encargos da sua atividade, e mais de 16% das empresas não conseguiram efetuar o pagamento dos salários em setembro e 7% só o fez parcialmente.

Perante este cenário, 25% das empresas já efetuaram despedimentos desde o início do estado de emergência. Destas, 30% reduziram o quadro de pessoal entre 25% e 50% e mais de 25% reduziram em mais de 50% os seus postos de trabalho. Cerca de 15% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano.