por Pedro d'Anunciação
Na questão dos impostos de Trump, o mais escandaloso, como alguém notou nos EUA, é que pagam muito mais as profissões de baixo rendimento, e que ele mostrava uma falência, incompatível com os seus argumentos de saber fazer boa gestão.
E o pior são os debates televisivos em que se mete. Eu não iria a nenhum. Lá – parece que a coisa é um hábito, sobretudo desde que foi por um estes debates que Kennedy terá ganho as eleições a Nixon (também estou convencido de que terá sido um dos poucos debates eleitorais televisivos, a nível mundial, decisivos – não esquecendo o de Motterrand contra Giscard). Mas como dizia um ex-colaborador seu, Trump tem um problema em distinguir a verdade da mentira, preferindo apenas adoptar como verdade aquilo que ele defende; de resto é o inventor descarado das chamadas ‘fake news’ em grande uso, e o principal acusador de ‘fake news’ quando ouve verdades.
Claro que se quisesse e pudesse desmentir mesmo as notícias sobre os seus impostos, bastava-lhe mostrar os devidos documentos. Coisa que pelos vistos não pode nem quer. Daí tergiversar, sem convencer ninguém, embora nos tempos que correm haja cada vez mais eleitores que não querem ser convencidos de nada que vá contra os seus preconceitos. Como e tem visto a propósito do internamento de Trump com Covid 19.
O problema, nos EUA, é que os apoiantes de Trump, defendendo todas as asneiras e imoralidades que ele faz, vão permanecer ali. Alguns, prontos para o que der e vier. E embora o género, grosseiro e alarve dele, com a única vantagem de ser bastante estúpido, não seja nada europeu, onde a Direita é mais conservadora e ética, até por aqui tem apoiantes que sabem muito bem o que ele é. Mas gostam do género, apesar de o preferirem menos grosseiro e mais inteligente do que tem provado ser. E compreendem que é assim, alarvemente, que os seus chegam lá. Temos por cá um bom exemplo disso.