No dia 4 de Outubro de 1970, morreu de overdose a grande mulher do rock feminino, Janis Joplin. Vinda de uma família ultra conservadora de Port Arthur, Texas, um família de classe média, jamais podiam entender o seu génio ou compreender a sua liberdade de pensamento, pensando que podiam guiar os seus sentimentos e pensamentos ignorando quem ela realmente era. Janis, matriculou-se na Faculdade de Belas Artes no Texas.
Um episódio que deixou marcas irreversíveis para uma alma de tamanha sensibilidade: a falta de aceitação da sua própria cidade. A fraternidade Alpha Phi Omega, organizou um concurso para financiar as suas actividades e fizeram a eleição do – Homem mais feio do campus. Um anónimo inscreveu Janis, mostrando já na altura a realidade do Bullying e das suas horríveis consequências. Por toda a universidade foram postas fotografias de Janis, onde estava escrito: Vote no homem mais feio. Quando Janis, viu aqueles cartazes apenas lhe fez voltar a uma infância igual, marcada pelo assédio e pela maldade dos outros. Aos 19 anos, decidiu então partir para São Francisco, para revolucionar o mundo da música!
Bissexual, numa sociedade ultra-conservadora, revolucionária num mundo apático, feminista num mundo machista, Janis tal como tantas mulheres nasceu muito à frente do seu tempo! No entanto a sua genialidade vocal ultrapassava todas as barreiras, equiparando-se a Axl Rose e Led Zepplin. “Foi uma pioneira. E fez sacrifícios para assumir riscos que aplainaram o caminho para que as artistas mulheres ganhassem presença na indústria da música e para que não se ajustassem às demandas impostas por uma sociedade patriarcal”, diz dos Estados Unidos Holly George-Warren, estudiosa da cantora e autora de um livro que esmiúça a vida musical e privada da artista, Janis Joplin: sua vida, sua música (Editora Seoman).”
Janis devido aos anos de bullying, recriou a sua própria imagem e manteve-se fiel à mesma, no entanto tudo isso teve consequências inevitáveis! Ao mesmo tempo, começou a desenvolver cada vez mais o seu modo de pensar, começou a utilizar drogas, a conviver com artistas negros como Leadbelly, Big Mama Thornton e Bessie Smith, a sua fraqueza. Não se calava por nada. Defendeu a integração racial e foi rechaçada em um entorno, Port Arthur, onde a ameaçadora presença da Ku Klux Klan ainda existia. Os seus pares repudiavam-na. Era “a amiga dos negros”.
Tinha um medo intenso do palco, mas era mais intensa ainda dentro dele! Para não sentir essa ansiedade, utilizava a heroína como “calmante”.
Janis instalou-se em São Francisco em pleno movimento Hippie e penso que ai foi a sua altura mais feliz, sem tabus, teve romances torneados com mulheres e fez parte da revolução cultural e social dos anos sessenta! Foi amiga de Jimi Hendrix, Kris Kristofferson e Leonard Cohen. Revolucionou a sua imagem e tornou-se um ícone, no entanto, dois meses antes de morrer decidiu visitar a cidade que a rejeitou e os pais que falharam em amar a filha que revolucionou o mundo. Saiu de lá desolada. Nada tinha mudado. Continuava a ser um entrave tanto para a cidade como para os seus pais. Morreu sozinha com uma overdose, dois meses depois! Todos os dias são uma eternidade!