Um tribunal de Madrid anulou as restrições à mobilidade impostas pelo Governo central na capital e em nove outros municípios próximos. A ordem, que limitava as movimentações exceto por motivos essenciais, afetava mais de 4,5 milhões de pessoas. Permitia multar entre os 600 a 600 mil euros os cidadãos que saíssem da região, o epicentro do surto de covid-19 espanhol, e foi levantada nas vésperas de um feriado prolongado, o primeiro após o verão. Normalmente, nesta altura, muitos madrilenos vão para a praia ou para o campo, mas desta vez, arriscavam levar o vírus consigo, apesar dos apelos das autoridades para que evitem as viagens.
As medidas, aplicadas na sexta-feira passada e impostas pelo Governo de Pedro Sánchez, do PSOE, tinham recebido forte oposição da presidente da comunidade autónoma de Madrid, Isabel Diaz Ayuso, do Partido Popular (PP). Ayuso propõe medidas “justas, sensatas e ponderadas”, defendendo que os estragos económicos das restrições do Governo seriam demasiados. Isto apesar da capital estar a sofrer um pico de contágios, com mais de três mil infeções só na quinta-feira, ou seja, mais de 30% dos novos casos espanhóis. A região é segundo o maior foco de contágios de covid-19 na Europa, com 741 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias – é ultrapassada apenas por Andorra.
Sánchez, cujo Governo ainda pode recorrer, colocou a hipótese de impor o estado de emergência na capital, para contornar a justiça, que decidiu que as restrições impostas afetariam “os direitos direitos e as liberdades fundamentais” dos cidadãos.
“Consideramos preocupantes os números da covid”, reagiu o primeiro-ministro espanhol, que soube da decisão judicial durante uma visita de estado à Argélia, segundo o El País. “Temos de por todos os instrumentos em cima da mesa, sustentando as nossas decisões em critérios científicos, técnicos e sendo proporcionais”, explicou.
Outras duas cidades, León e Palencia confinadas com uma ordem semelhante à Madrid – com a diferença de que os seus executivos regionais as apoiaram – aguardam pela decisão da justiça quanto às suas restrições. A expectativa é que seja anuladas também