A Ordem dos Médicos (OM) denunciou, esta sexta-feira, que a capacidade das contas profissionais de e-mail de vários médicos de família foi “drasticamente reduzida”, dificultando o contacto dos doentes com os centros de saúde, e pede explicações ao Governo.
“A Ordem dos Médicos tomou conhecimento, através das notícias e do relato de vários colegas, de que a capacidade das contas profissionais de email dos médicos de família foi drasticamente reduzida. Esta decisão unilateral e sem aviso prévio constitui mais uma barreira inadmissível ao contacto dos doentes com os seus centros de saúde e torna-se especialmente grave no contexto de pandemia que vivemos”, começa por denunciar a Ordem dos Médicos em comunicado.
O bastonário da OM, Miguel Guimarães, considera que os “grandes constrangimentos” que se têm vivido nos centros de saúde se devem à opção da tutela liderada por Marta Temido de manter os médicos de família “desviados e focados no combate à pandemia”.
“A Ordem dos Médicos tem vindo a alertar para os grandes constrangimentos que se vivem nos centros de saúde e que são resultado da opção do Ministério da Saúde de manter os médicos de família desviados e focados no combate à pandemia, sem poderem continuar o atendimento aos seus doentes de sempre. A isto acresce a dificuldade antiga com as centrais telefónicas dos centros de saúde, que estão obsoletas e não permitem fazer um atendimento telefónico eficaz”, começa por explicar Miguel Guimarães, que destaca a importância da troca de informação clínica por via digital no momento atual.
Os médicos tinham uma caixa de e-mail com capacidade 50Gb, que agora foi reduzida para apenas 2Gb.
“Torna-se, portanto, incompreensível, inaceitável e até mesmo intolerável esta decisão de vedar aos médicos, aos outros profissionais e aos doentes o email enquanto ferramenta de trabalho e de contacto. Numa altura em que cresce a necessidade de troca de informação clínica por via digital, reduzir de 50Gb para apenas 2Gb uma caixa de correio é um sinal de falta de conhecimento e de falta de estratégia. Se os motivos financeiros estiverem de facto na origem desta decisão prova-se, uma vez mais, o desnorte com que a saúde de todos nós está a ser gerida, ignorando-se que o dinheiro que é hoje retirado sairá mais caro no futuro”, acrescenta Miguel Guimarães, que apela a uma “rápida explicação deste erro e reposição da capacidade de resposta”.