O Conselho de Ministros extraordinário do Governo espanhol aprovou, na sexta-feira, a declaração do ‘estado de alarme’ na comunidade de Madrid, numa tentativa de impor restrições à mobilidade das populações em vésperas de fim-de-semana prolongado no país vizinho, e numa tentativa de travar a propagação da covid-19 a partir da capital, epicentro da doença.
A medida – que entra imediatamente em vigor – afeta mais de 4,5 milhões de pessoas, e é a resposta do Executivo de Pedro Sánchez à decisão de um tribunal de Madrid que, na quinta-feira, tinha anulado as restrições à mobilidade impostas pelo Governo espanhol na capital e em nove outros municípios próximos.
Segundo os media espanhóis, o primeiro-ministro Pedro Sánchez terá anunciado a decisão num telefonema com caráter de urgência para a presidente da comunidade autónoma de Madrid, Isabel Diaz Ayuso. Os dois governantes terão concordado «que nos próximos 15 dias as equipas continuarão a falar dos cenários». «É preciso proteger a saúde pública já», terá dito Sánchez.
As restrições anunciadas por Sánchez, do PSOE, tinham recebido forte oposição de Diaz Ayuso, do Partido Popular (PP), que propunha medidas «justas, sensatas e ponderadas», defendendo que os estragos económicos das restrições do Governo seriam demasiados. Isto apesar da capital estar a sofrer um pico de contágios, com mais de três mil novas infeções diárias, ou seja, mais de 30% dos novos casos registados em Espanha. A região é o segundo maior foco de contágios de covid-19 em toda a Europa, com 741 casos por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas – apenas ultrapassada, nesta estatística, por Andorra.
Casos disparam na Europa
Entretanto, a pandemia parece ter ressurgido em força em países como Alemanha, França e Reino Unido que, nos últimos dias, têm vindo a registar números de novos casos que permitem arriscar a convicção de se estar a viver uma segunda vaga da doença.
Na Alemanha – com 4516 novos casos e 11 vítimas mortais na sexta-feira –, Angela Merkel anunciou que vai impor restrições caso a situação não estabilize em 10 dias. «Serão os dias e semanas que vêm que vão decidir a posição da Alemanha face a esta pandemia neste inverno», disse a chefe do Governo alemão.
No Reino Unido, registaram-se quase 14 mil novos casos e mais 87 mortes no último dia da semana. E em França, o cenário parece ser ainda pior, com o país a registar 18 mil novos casos pelo segundo dia consecutivo. O Governo francês alargou mesmo a classificação de alerta máximo, já em vigor para as regiões de Aix-Marseille (sudeste), Paris e para a ilha de Guadalupe (Antilhas francesas), e que será agora também aplicada, a partir deste sábado, a Lyon, Grenoble, Saint-Etienne e Lille (no leste e norte do país).