Após tempos difíceis, em que foi hospitalizado com covid-19 e assistiu a um surto na Casa Branca, Donald Trump prepara-se para ter uma excelente semana. Teve o seu primeiro evento público este sábado, um prelúdio do seu regresso à campanha, apesar dos receios de que possa estar ainda contagioso. E na segunda-feira verá a primeira audiência da juíza que nomeou para o Supremo Tribunal de Justiça, a conservadora Amy Coney Barrett.
Contudo, nem tudo corre bem ao Presidente. Mesmo parecendo recuperado da covid-19, que tanto menosprezou, Trump continua atrás nas sondagens. Com quase oito milhões de infeções nos EUA, 73% dos eleitores têm receio que um dos seus familiares seja contagiado, 58% desaprovam a gestão da pandemia e apenas 41% pretendem votar para reeleger o Presidente. Já outros 53% dos eleitores tencionam votar no candidato democrata, Joe Biden, segundo uma sondagem da ABC e do Washington Post, divulgada ontem.
Contudo, Trump sabe perfeitamente que é possível bater as sondagens nacionais. Foi o que fez nas eleições de 2016, em que apesar de menos votos que a sua adversária, Hillary Clinton, sagrou-se Presidente vencendo em mais estados, alguns por uma margem mínima.
Para Trump, mais grave que a sua quebra de aprovação nacional talvez seja o facto de estar a ficar para trás em swing states, ou estados cujo vencedor é incerto, como o Wiscosin e o Arizona, segundo a NPR. Até a corrida pelo Texas, um tradicional bastião republicano, está a ser mais renhida do que seria de esperar: Joe Biden está a perder apenas por 5% das intenções de voto, segundo as sondagens da Universidade do Texas. Já a Florida, o maior dos swing states, onde muito se decidirá, continua disputada.
Conservadorismo, lei e ordem No seu discurso de sábado, a partir da varanda da Casa Branca, perante centenas de pessoas, boa parte delas sem máscara, Trump pode esquecer por momentos a sua gestão da pandemia, tão criticada, e dedicar-se à “lei e ordem” contra os protestos exigindo reformas policiais. Agora, tem outro tópico à mão, a defesa de uma super maioria conservadora o Supremo Tribunal, algo com que muitos dos seus apoiantes sonhavam.
Católica e conservadora, Amy Coney Barrett esteve ligada a vários grupo antiaborto – esqueceu-se de o mencionar nos documentos que apresentou ao senado, avançou ontem a CNN. Viveu anos numa residência pertencente ao grupo religioso People of Praise, conhecido pelas suas posições retrógradas e feroz oposição ao casamento de pessoas do mesmo sexo, avançou o Guardian.