"A liberdade de expressão teve a sua descida mais acentuada desde 2009": é desta forma que a organização ARTICLE 19 começa por fazer o enquadramento do ranking, no seu site oficial, que avalia o direito anteriormente referido à escala global. De acordo com a organização de direitos humanos britânica, mais de metade da população mundial vive numa crise de liberdade de expressão, ou seja, 3.9 mil milhões de pessoas.
O The Global Expression Report "reflete não só os direitos dos jornalistas, dos media e dos ativistas mas também o espaço que existe para todos nós: como individuais e comunidades que pretendem aceder à informação e comunicar livremente" pode ler-se. Sublinhe-se que a ARTICLE 19 tenta perceber igualmente o quão livre cada pessoa é para realizar ações como publicar online, protestar, ensinar e até aceder à informação "para participar na sociedade e responsabilizar quem está no poder".
O nível da liberdade de expressão é avaliado por meio de 25 indicadores em 161 países. Ainda que a liberdade de expressão esteja "em declínio", Portugal ocupa o 11.º lugar neste ranking. Importa referir que o país integra o top 5 em relação ao indicador da liberdade de reunião de forma pacífica.
A Dinamarca, a Suíça e a Noruega obtiveram as melhores classificações, enquanto a Coreia da Norte situa-se no último lugar da lista. O Canadá é o único pais, que não é membro da União Europeia, a encontrar-se no top 10 naquilo que diz respeito à liberdade de expressão aberta.
Em relação aos países de língua oficial portuguesa que constam do ranking, Timor-Leste ocupa a melhor posição: em 54º lugar com liberdade de expressão menos restringida, sendo seguido por Moçambique em 81º, o Brasil em 94ª posição (com este direito restringido) e Angola em 104º lugar (muito restringido).
"Na esteira da pandemia covid-19, enfrentamos um reequilíbrio global da relação entre indivíduos, comunidades e o Estado. Desde dezembro de 2019, assistimos ao redesenhamento do mundo em inúmeras maneiras: as fronteiras aumentaram, a vigilância aumentou e o movimento foi drasticamente reduzido" é possível ler no relatório. A ARTICLE 19 esclareceu que, durante a pandemia, "houve estados de emergência declarados em 90 países, criando situações legislativas excecionais que têm permitido limitações de direitos e liberdades", não esquecendo de mencionar que "foram mais de 220 as medidas e políticas globais que restringem a expressão, reunião, e informação, com evidências que as eleições também estão a ser vítimas de manipulação sob pretexto de proteção da saúde pública".