por Pedro d'Anunciação
Parece que na Suécia as autoridades sanitárias, devido a uma originalidade constitucional, ou por outro motivo qualquer, afastaram desta luta as autoridades políticas. E depois apostaram numa imunidade de grupo, sem grande sucesso.
Porque é a Suécia um bom exemplo para ser comparada com Portugal? Porque tem uma população semelhante em número, com mais território, pelo que devia ter mais sucesso do que nós. Mas não tem. É mesmo difícil vir a aproximar-se de nós em número de mortos. Embora, em entrevista ao jornal Público, o epidemiologista chefe pelo combate à Covid na Suécia tenha tergiversado (recusando-se a reconhecer o insucesso das suas medidas e a pouca probabilidade de algum Estado europeu vir a ter tantos mortos), a verdade é que parecia tudo ter acalmado com o final da primeira fase da pandemia, e a diminuição do número de casos no Verão. Só que esses casos têm aumentado por todo o lado, incluindo na Suécia. E o facto de se tratar de um dos países onde se testa menos, não a ajudou em nada.
Parece que o principal mal desta doença é pretender-se defender posições diferentes e originais das adoptadas pela maioria, sem nenhuma base científica. E também, já sabemos, de cada cabeça ter a sua sentença (são portanto muitas as sentenças). Temos de reconhecer as autoridades políticas de cada País, acatá-las durante a doença a não ser quando entram em erros demasiado grosseiros (e temos de agradecer neste caso também à Oposição mais quantitativa e responsável). Por outro lado, pergunto-me perplexo, ao ver a Suécia: como aparece ainda gente por aí defender maior aposta na imunidade de grupo – a que custo em vidas dos mais vulneráveis, senhores – e menor testagem?