Não podemos negligenciar as outras doenças devido à pandemia de Covid19. Não é viável que as doenças oncológicas e cardíacas tenham sido postas de parte e que a mortalidade tenha subido em flecha, como se estes pacientes fossem agora meros espectadores à espera da sua própria “morte”. Ninguém pode ficar a definhar com cancro ou mesmo doenças cardíacas graves podem ser desconsideraras devido à pandemia! Até porque estas mesmas doenças, são por si mesmas “epidémicas”, “desastrosas” e os doentes não podem ser negligenciados.
“Duas associações de doentes não-Covid denunciaram esta quinta-feira que as colonoscopias estão atrasadas cerca de dois anos e que a mortalidade associada a doenças digestivas entre março e setembro supera a média dos últimos cinco anos, em 7.144 casos.”
“Há um estudo publicado recentemente que foi comparar a curva da mortalidade entre março e setembro de 2020, com os últimos cinco anos e de facto verificamos um aumento de 7.144 face à média dos últimos cinco anos”, referiu o presidente da Europacolon Portugal, Vitor Neves, numa conferência de imprensa promovida para alertar para o agravamento da situação de saúde de milhares de utentes “não-Covid-19”.
O responsável daquela associação defendeu que os atrasos nas consultas, no diagnóstico, nos tratamentos e cirurgias tem um impacto direto na sobrevida dos doentes oncológicos, que podem ter agora de esperar cerca de dois anos para efetuar uma colonoscopia, por conta dos efeitos da pandemia de Covid-19 no Serviço Nacional de Saúde.” Até há cerca de um mês atrás mais de 100 mil mulheres do Norte ainda não tinham realizado o rastreio ao cancro da mama, interrompido desde março devido à pandemia de Covid-19 e também devido a questões administrativas, disse esta quarta-feira o presidente da Liga Contra o Cancro/Norte.
Alguém sabe lidar com essa ansiedade? Sentir um caroço? Tentar marcar uma consulta? Não atenderem o telefone? Desvalorizarem a nossa “preocupação”? Ficarmos com a suspeita no ar, durante meses, para depois por fim, depois de muito, muito tempo, em que algo podia ter sido feito, nos dizerem: “O seu prognóstico não é muito bom, lamento!”.
No entanto, as consultas foram suspensas. Os meses passaram, e tudo isto nos passa pela cabeça como um raio que nos atinge, sem avisar! Sinceramente, não sabemos o amanhã. Sabemos sim, que alguém deitou fora o nosso tempo, sem nos pedir permissão!