Depois de em setembro Israel ter sido o primeiro país no mundo a regressar ao confinamento, agora estas medidas mais restritivas chegam à Europa.
A República da Irlanda entrou, na quarta-feira, num confinamento que deverá durar seis semanas. Foi declarado um recolher obrigatório e o comércio local e o setor da restauração foram encerrados. Os cidadãos deverão permanecer nas suas habitações e apenas tem autorização para sair de caso para estudar (escolas e creches continuam abertas), trabalhar ou para outros propósitos essenciais.
Reuniões familiares foram proibidas assim como visitas a casas de outras pessoas. A prática de exercício físico é permitida, mas num raio de cinco quilómetros de casa.
A vizinha Irlanda do Norte decretou um confinamento de quatro semanas. Bares e restaurantes só poderão vender para fora e encerrar às 23h, enquanto as escolas vão fechar na próxima semana durante 14 dias, até 2 de novembro.
Ainda na Grã-Bretanha, País de Gales entrou ontem num confinamento temporário, que irá durar entre 23 de outubro e 9 de novembro. Cabeleireiros, bares e restaurantes vão estar encerrados – apenas negócios essenciais ficarão abertos, e as pessoas só têm autorização para sair de casa se tratar de assuntos urgentes ou para fazer exercício físico. Escolas primárias e universidades vão reabrir na segunda semana de confinamento, enquanto as escolas secundárias entram em funcionamento de forma parcial.
Em Inglaterra foi implementado um sistema de «semáforos» para classificar as zonas mais afetadas, variando entre médio, alto ou muito alto, implementando restrições consoante este nível.
Londres subiu para o segundo nível, o que resultou na proibição de ajuntamento de famílias dentro de casas, e Liverpool, atualmente uma das regiões que mais preocupam, está no nível mais elevado. Esta medida está a ser considerada «um autêntico fracasso», e o Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências pediu para ser adotado um confinamento nacional temporário, proposta que tem sido recusada pelo Governo.
Confinamento, mas apenas a horas específicas
Em Itália foi aplicado esta semana na região da Lombardia – uma das mais afetadas na primeira vaga da pandemia – um regime de recolher noturno obrigatório, sendo proibido sair de casa entre as 23 horas e as cinco da manhã. O país está em risco de ter os hospitais sobrecarregados devido ao aumento de casos de covid-19 e esta medida tem como objetivo reduzir as deslocações na rua e evitar ajuntamentos. Esta medida também irá entrar em vigor na região da Campânia, a partir de segunda-feira.
As regiões francesas de Montpellier, Lyon, Aix-en-Provence, Grenoble, Toulouse, Saint-Étienne, Lille, Ruão e Île-de-France também entraram, no sábado passado, num regime semelhante. Foi aplicado um recolher noturno obrigatório durante seis semanas, entre as 21 horas e as seis da manhã.
Espanha, por sua vez, continua a estudar qual a melhor hipótese para executar um confinamento nas principais cidades. Esta semana fez-se fumo branco em relação à capital, cidade mais afetada pela pandemia no país, depois de as autoridades de Madrid admitirem que estão a ponderar avançar com um pedido ao Governo central para decretar o recolher obrigatório de forma a garantir que não há deslocações a determinadas horas do dia, à semelhança de Itália e França.
«[Um recolher obrigatório] iria permitir-nos estabelecer algo com que estamos todos familiarizados, com o fim da mobilidade, como a França também introduziu», disse o responsável pela saúde da comunidade autónoma de Madrid, Enrique Ruiz Escudero.
«[Esta segunda-feira] tivemos uma reunião com a presidente de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, do Partido Popular, e associações profissionais, e foi praticamente proposta deles estudar esta opção», disse Escudero, acrescentado ainda que «nesta situação em que vivemos com a pandemia, qualquer opção que envolva restrição de atividade ou de mobilidade deve ser estudada».
Na comunidade de Navarra, foi aplicado um confinamento temporário, de duas semanas, onde a população estará muito mais limitada do que em Madrid: só podem abandonar a sua habitação para estudar, trabalhar ou prestar cuidados a familiares necessitados. No que diz respeito ao comércio, as lojas têm um horário mais reduzido, sendo obrigadas a encerrar às 21 horas, e só podem estar abertas com 40% da capacidade total.
À procura da solução
O resto da Europa ainda se está a debater com a formula certa para controlar a pandemia.
Na Alemanha, apesar de vários políticos já terem proposto ao governo um novo confinamento, a única região isolada é a Baviera, uma das mais afetadas no país.
A Bélgica, atingida por um grande e preocupante aumento de casos, decretou o recolhimento obrigatório entre a meia-noite e as 5h e restaurantes e cafés já encerraram. No entanto, virologistas alertaram para a necessidade de voltar ao confinamento geral caso os serviços de saúde fiquem sobrelotados.
A Suécia aplicou esta semana novas e mais rígidas medidas contra a pandemia, impondo um limite máximo de oito pessoas por mesa de restaurante e um máximo de 50 pessoas nos clubes noturnos. Ao comentar as novas medidas, o primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, declarou que «a festa acabou», numa altura em que o país totaliza 109 mil casos de infeção e 5929 mortes desde o início da crise sanitária provocada pela doença covid-19.
A República Checa, que foi um dos países que melhor geriu a primeira vaga da pandemia, está agora a enfrentar um grande aumento de casos de infeção. Para o travar, o governo decretou o encerramento de escolas, bares, restaurantes, ginásios, cinemas e museus. Há três meses, o país chegou a fazer uma festa ao ar livre, reunindo milhares de pessoas em Praga, para celebrar o fim da pandemia.