A ministra da Cultura, Graça Fonseca, anunciou esta terça-feira o vencedor do Prémio Camões 2020: o professor e ensaísta Vítor Manuel de Aguiar e Silva.
Em comunicado enviado pelo ministério da Cultura, o júri explica a escolha de Vítor Aguiar e Silva com a “importância transversal” da “obra ensaística” do autor.
Entre o júri estiveram nomes como o escritor guineense Tony Tcheka e os professores universitários Clara Rowland, Carlos Mendes Sousa, António Cícero, António Hohlfeldt e Nataniel Ngomane, de Portugal, Brasil e Moçambique.
“A atribuição do Prémio Camões a Vítor Aguiar e Silva reconhece a importância transversal da sua obra ensaística, e o seu papel ativo relativamente às questões da política da língua portuguesa e ao cânone das literaturas de língua portuguesa”, diz o comunicado, acrescentando que “no âmbito da teoria literária, a sua obra reconfigurou a fisionomia dos estudos literários em todos os países de língua portuguesa. Objeto de sucessivas reformulações, a Teoria da Literatura constitui-se como exemplo emblemático de um pensamento sistematizador que continuamente se revisita. Releve-se igualmente o importante contributo dos seus estudos sobre Camões”.
A ministra da Cultura quis ainda realçar as “qualidades intelectuais e académicas” do vencedor do prémio e aproveitou para sublinha o “perfil humanista com que marcou gerações de alunos e leitores”.
Este ano, Vítor Aguiar da Silva publicou um volume com o nome “Colheita de Inverno – Ensaios de teoria e crítica literárias”, mas, por ser dono de uma vasta bibliografia, há ainda a destacar uma das sua obras mais importantes: “Teoria da literatura” (1967). É também autor de obras como “Maneirismo e barroco na poesia lírica portuguesa” (1971), “Crítica de Livros: teoria literária” (1977), “Camões: labirintos e fascínios” (1994), “Jorge de Sena e Camões: trinta anos de amor e melancolia” (2009) e “As humanidades, os estudos culturais, o ensino da literatura e a política da língua portuguesa”, entre outros.
O Prémio Camões, que tem como objetivo distinguir um autor "cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum" foi atribuído pela primeira vez em 1989 ao escritor Miguel Torga. No ano passado, o vencedor foi Chico Buarque, escritor de “Leite Derramado” e “Budapeste”, entre outros.