João Paulino, que terá sido o mentor do assalto a Tancos, em junho de 2017, “devolveu todo o material” que levou, por “arrependimento”, disse, esta segunda-feira, o seu advogado, Carlos Melo Alves, na primeira sessão de julgamento do caso, em Santarém.
Carlos Melo Alves acrescentou ainda que “parte substancial” das armas era “vendável” no mercado negro.
João Paulino, 34 anos, terá devolvido o material em duas ocasiões – primeiro, no mês de outubro no mesmo ano do assalto, numa operação que terá sido feita pela Polícia Judiciária Militar (PJM) e GNR, à revelia da Polícia Judiciária (PJ) civil, que liderava a investigação do roubo, sob tutela do Ministério Público (MP); a segunda foi em setembro de 2020, numa ação validada pelo tribunal e que foi coordenada com a PJ.
O advogado de João Paulino explicou que, na primeira vez, tratou-se de um acordo com o Estado Português que estabelecia que o cliente não fosse responsabilizado pelo crime de furto, tese que foi rejeitada imediatamente pelo advogado de Vasco Brazão, ex-porta voz da PJM.
“A credibilidade [de João Paulino] se não é zero, é próxima de zero", disse Ricardo Sá Fernandes, explicando que Vasco Brazão admite que “a PJM fez mal em ocultar” a operação do MP, mas que está "em tribunal para assumir o seu erro".
O advogado apontou ainda que o seu cliente "não aceita que venham dizer que fez um acordo com crimonosos", negando que Vasco Brazão não fez qualquer acordo com João Paulino para saber qual foi o local onde foram colocadas as armas.
Vasco Brazão, 49 anos, está acusado dos crimes de tráfico e mediação de armas, falsificação ou contrafação de documento, denegação de justiça e prevaricação e favorecimento pessoal praticado por funcionário, e ainda cinco crimes de associação criminosa.
João Paulino tratar-se-ia apenas de um “informador” na operação e está acusado de crimes de tráfico de mediação de armas, terrorismo, tráfico, detenção de cartuchos e munições proibidos e ainda de dois crimes de associação criminosa. São seis no total.
O processo conta com 23 arguidos dos quais 14 estão ligados à encenação e nove ao assalto.
Depois das exposições iniciais, os arguidos que quiserem prestar declarações vão depor, algo que se deve prolongar por várias sessões de julgamento.