O Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) implantou, esta quarta-feira, pela primeira vez em Portugal, uma nova geração de neuroestimuladores para tratamento da dor crónica. Este procedimento consiste na colocação de elétrodos na zona epidural torácica ou cervical.
A cirurgia foi concretizada na Unidade de Cirurgia de Ambulatório num paciente «com um quadro complexo de dor crónica» e a equipa médica esteve sempre em contacto direto com Patrick Mertens, do hospital Pierre Wertheimer, em Lyon, França. O cirurgião especializado nesta inovação acompanhou a cirurgia «através de um sistema de vídeo e áudio integrante dos óculos do cirurgião, tendo assim, ambas as equipas, a mesma visão e colaborado em direto».
No comunicado hospitalar, é clarificado que a nova geração de neuroestimuladores medulares é capaz de adaptar a estimulação elétrica à anatomia e quadro clínico do doente, sendo uma «das terapêuticas mais modernas e eficazes no tratamento de quadros específicos de dor crónica», como a neuropática.
À agência Lusa, o neurocirurgião Ricardo Pereira, responsável pela Unidade de Estereotaxia e Neurocirurgia Funcional do Serviço de Neurocirurgia, explicou que a neuroestimulação medular consegue «em casos bem selecionados, resultados excelentes, abrindo uma nova esperança para doentes sem outras alternativas viáveis». O profissional de saúde adiantou que, naquele hospital, já foi utilizada a neuroestimulação em pacientes que sofriam de dor neuropática após procedimentos como cirurgias à coluna ou traumatismos de nervos e angina de peito refratária com «resultados muito favoráveis».
Ricardo Pereira declarou também que este procedimento tem várias fases como a de teste «em que se verifica a resposta positiva no controlo da dor» e o elétrodo «é ligado a um pequeno gerador elétrico subcutâneo que aplica os pulsos elétricos que, estimulando ciclicamente a medula, bloqueiam a perceção da dor, aliviando essa sensação na zona afetada do corpo».
Segundo um estudo levado a cabo, no ano passado, por profissionais de saúde nos Cuidados de Saúde Primários, mais de três milhões de portugueses sofrem desta doença. Como é possível ler no site do SNS, as causas da mesma podem prender-se com situações decorrentes de traumatismos, procedimentos cirúrgicos, doenças degenerativas, osteoarticulares, insuficiência vascular e lesões do sistema nervoso.