Por Judite de Sousa
Jornalista
1. A corrida autárquica começa a mexer. O ónus da prova está do lado do PSD que viu dizimado o seu capital político no país real nas últimas eleições. Como sempre é nas áreas metropolitanas do Porto e Lisboa que se jogam os trunfos dos partidos que almejam consolidar posições ou mudar de vida. É neste contexto que surge o nome de Santana Lopes como podendo avançar para um concelho da Grande Lisboa. Não surpreende: Santana tem vidas incalculáveis e já mostrou por mais que uma vez que renasce quando menos se espera. É certo que os erros dos últimos anos deixaram cicatrizes na onda empática que sempre gerou à sua volta. Santana é um produto genuíno. É o que é. Mais emotivo que racional, influenciável, rodeado por gente que diz o que ele quer ouvir, sem ser capaz em muitos momentos de pensar pela sua própria cabeça. O país tem memória e as diatribes santanistas custaram um preço muito alto na sua credibilidade. A passagem por S. Bento foi uma loucura, empurrado pelo amigo Barroso, com um Presidente que nunca aceitou delegação de poderes sem eleições, o que se veio a confirmar uma decisão acertada. Mais tarde, Santana passou pela Santa Casa onde fez um trabalho excelente reconhecido por amigos e adversários. Era lá que devia estar hoje não tivesse existido a tentação de dar um salto maior que a perna, como se viu com a aventura frustrada chamada Aliança. Com reserva e equilíbrio, distância e resguardo, Santana pode ter credenciais para uma Câmara nas eleições do próximo ano. A vida dá muitas voltas!
2. As sucessivas indecisões não auguram nada de bom. Todos os dias são comunicadas novas medidas que lançam mais poeira para o chão e reforçam a confusão instalada no comum dos cidadãos. O Governo segue as oscilações dos números revelados diariamente pela DGS que ao longo destes últimos meses já disse tudo e o seu contrário. Sem uma linha de rumo coerente e compreendida por todos, dificilmente o país saberá encontrar uma política que nos permita debelar a pandemia. Deixar as coisas acontecer e tomar medidas avulso nunca foi boa conselheira.
3. O imprevisível aconteceu e, se dúvidas existissem, a Europa não são os Estados Unidos. O que significa que a teimosia com que passamos o tempo e consumismos as nossas energias a pretender que os Texanos ou os americanos do Ohio ou do Wisconsin pensem como nós é de uma natural leviandade como se está a ver nesta novela presidencial americana. Antes de mais não se sabe quem ganha a esta hora a que escrevo. Mas uma coisa parece certa: nem uma suposta derrota de Trump será tão ampla nem uma alegada vitória de Biden será tão expressiva. As sondagens são o que são e no caso dos Estados Unidos são mesmo de desconfiar como está à vista em 2020.