Em Itália há pessoas a receber oxigénio fora do hospital e dentro dos próprios carros

Hospital de Cotugno, Nápoles, está saturado. Doentes que não precisem de ocupar uma cama, recebem oxigénio pela janela do carro através de uma máquina. Veja as imagens

Em Nápoles, Itália, muitos pacientes que se dirigem ao hospital de Cotugno acabam por efetuar o processo de triagem e receber oxigénio dentro dos próprios carros, fora das instalações do hospital, por este se encontrar sobrecarregado.

As revelações feitas pelo diretor de pneumologia do hospital de Cotugno, Giuseppe Fiorentino, em entrevista ao jornal italiano Corriere del Mezzogiorno, dão conta de que, na realidade, desde março, “nada mudou” no que diz respeito à assistência hospitalar, e que o pânico leva dezenas de pessoas a recorrer ao hospital, mesmo com este completamente saturado.

Giuseppe Fiorentino considera que “o efeito mediático é terrível. E, paradoxalmente, quem assiste a esta situação na televisão entra em pânico ainda mais e corre para o hospital. Pelo menos 20 ou até 30 pessoas que chegam diariamente ao pronto-socorro são encaminhadas para casa após serem acompanhadas. Isso significa que não precisam de internamento”.

Vão surgindo entretanto nas redes sociais e em vários meios de comunicação social imagens de carros e ambulâncias em frente ao hospital de Cotugno, onde se pode ver os profissionais de saúde a tentar chegar aos doentes pelo meio dos carros e pessoas a receber oxigénio pelas janelas das viaturas. Aliás, o Corriere del Mezzogiorno descreve a situação como praticamente um cenário de guerra.

 

 

“O espaço em frente ao pronto-socorro do hospital de Cotugno é estreito, os carros que se veem não são muitos. Mas, em qualquer caso, a triagem é feita para todos de fora [do hospital] e depois são feitas as avaliações”, explicou o pneumologista, acrescentando ainda que “o que parecem ser filas intermináveis são, na verdade, filas normais”.

 

 

Sobre as pessoas a receber oxigénio fora do hospital, Fiorentino explica que se trata de casos moderados que não precisem de ocupar uma cama.

 “Muitas vezes o paciente que se dirige ao hospital apresenta sintomas moderados. Em casa sente-se abandonado e sobretudo sozinho, e entra em pânico. Fica com a sensação de falta de ar, que é mais uma condição mental do que física. Se a assistência territorial funcionasse melhor, não teríamos essa afluência. E repito, a afluência gera medo que se transforma em pânico”, disse.

 

 

O diretor de pneumologia do hospital italiano alertou ainda para o agravamento da situação por causa da gripe, uma vez que” os sintomas são muito semelhantes, exceto pela falta de olfato e paladar que nos direciona para a patologia de Covid. A terapia de abordagem inicial é, entretanto, a mesma”. “Este é o verdadeiro problema das próximas semanas”, admite.