As Comissões de Trabalhadores da RTP, da SIC e da TVI mostraram-se solidárias com os jornalistas e restantes profissionais das equipas de reportagem que foram atacados durante a manifestação organizada pelo grupo A Pão e Água contra as restrições impostas à indústria da restauração pelo Governo, que ocorreu este sábado, em Lisboa, e dizem ter "tolerância zero para ataques a profissionais de informação.
"Os direitos democráticos, e entre eles o direito a protestar e a manifestar, devem muito aos profissionais da informação, e rapidamente iriam esvaziar-se se, por motivo de insegurança e de violência contra os jornalistas, se tornasse inviável a cobertura das manifestações. Quem convoca as manifestações tem, portanto, a responsabilidade de vedar o acesso de provocadores aos palcos e de garantir o serviço de ordem necessário para que as equipas de reportagem possam fazer o seu trabalho" pode ler-se no comunicado.
Recorde-se que tudo começou este sábado durante um discurso de um dos organizadores do evento contra uma notícia da Rádio Observador que falava em 200 manifestantes, algo que desagradou os presentes. "Isto parecem 200 pessoas? Isto parecem 200 pessoas aqui? Isto parece 200 pessoas?”, questionou o orador. Depois da intervenção, mais de uma dezena de manifestantes cercaram a equipa da Rádio Observador, obrigando a PSP a intervir para garantir a segurança dos jornalistas. Também uma equipa de reportagem da TVI foi atacada por um grupo de negacionistas que protestavam contra o uso de máscara, visto, na visão dos mesmos, a estação de Queluz ter publicado uma peça “enviesada” contra os promotores do grupo.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) emitiu um comunicado no sábado onde condenou as atitudes observadas e referia que se “não fossem os jornalistas e os protestos não teriam eco na população”. Como foi já anunciado, será instaurado pelo Sindicato um procedimento criminal contra o orador que sugeriu o recurso à violência e contra os arruaceiros que seguiram a sugestão, uns e outros amplamente identificados nas gravações efetuadas.
"Este é um tempo que põe a cidadania à prova e faz emergir a responsabilidade. É insustentável em democracia que um(a) jornalista seja "bode expiatório" no exercício da profissão. A nossa denúncia solidariza-se com as medidas que o SJ já anunciou e venha a tomar. As CTs apelam também às autoridades competentes para que mantenham uma postura ativa e vigilante em situações semelhantes e ajudem a cumprir com o que está previsto na Constituição da República, bem como na lei portuguesa que é o direito ao exercício de imprensa, cabendo-lhes uma parte importante que é a de garantir acesso e a segurança dos jornalistas Caso se verifiquem novas situações de ameaça à integridade física e moral dos jornalistas, estaremos, incondicionalmente, com os profissionais que recusem trabalhar nesses contextos", conclui a nota das estações televisivas.