Agora que se confirma a morte de Gonçalo Ribeiro Telles, parece-me muito bem que a Câmara de Lisboa dê o seu nome ao último espaço verde na nova Praça de Espanha), e até me pereceria igualmente bem se fossem mais alguns espaços, nomeadamente um eito por ele (como o que é talvez mais emblemático, o Jardim da Gulbenkian, em que a iniciativa teria de partir certamente da administração).
Entre os inúmeros cargos que ocupou, conta-se um no Governo de Mário Soares. E isso leva-me a pensar que se tivesse ocupado o mesmo cargo com Cavaco Silva (especialista em dar uma imagem pública de si muito macambúzia) teria ido muito mais longe do que Carlos Pimenta (que entretanto desapareceu, apesar de ter como principal feito ainda aquele).
O problema é que ele se adequava muito melhor a Soares do que a Cavaco.
Depois também se adequou bem à AD, mas com Sá Carneiro e Freitas do Amaral. Nunca saberemos se as suas invectivas contra as ‘carneiradas’, nos comícios em que estavam os 3, seriam completamente conscientes. Embora creia que Sá Carneiro também não apreciava grandemente aquelas ‘carneiradas’ da AD.
Enfim, snobeiras à parte, Telles estava infelizmente mais vocacionado para trabalhar com Soares (e o seu feitio de não afrontar demasiado ninguém) do que com Cavaco – embora não esteja nada seguro de que tenhamos ganho alguma coisa com isso.