Na ordem do dia está o tema do lixo eletrónico, e os britânicos não estão a fazer um bom trabalho a livrar-se dele. O Reino Unido é, aliás, o segundo país que mais lixo eletrónico produz, logo a seguir à Noruega.
Uma investigação pelo Comité Selecionado da Auditoria Ambiental do Parlamento Britânico revelou que o Reino Unido não tem conseguido criar uma economia circular com os resíduos eletrónicos que produz, acusando que a maioria “ia para lixeiras, era incinerada ou era largada nos oceanos”.
A investigação aponta ainda o dedo às gigantes tecnológicas, como a Apple e a Amazon, que acusa de “serem responsáveis pelos resíduos”, e de não estarem “a cumprir essa responsabilidade”.
Segundo noticia o The Guardian, os computadores, telemóveis, tablets e outros aparelhos eletrónicos deitados ao lixo globalmente têm um valor potencial de 62.5 mil milh de dólares. Em causa estão os metais que contêm os seus componentes, entre eles ouro, prata e cobre.
A Câmara dos Comuns aponta ainda o dedo a entidades como a Amazon e a eBay, acusando-os de aproveitar o seu estatuto de loja para se “livrar” dessa responsabilidade.
O estudo acusa ainda a “obsolescência embutida” nestes produtos, fruto do intencional encurtamento da vida dos aparelhos. Um exemplo também utilizado pelos britânicos é o da Apple, acusada de colar e soldar componentes internos, tornando a sua reparação impossível. Em vez disso, os utilizadores “não têm controlo sobre os seus aparelhos”, não podendo alterar os componentes por conta própria, vendo-se obrigados a fazer a reparação junto da própria marca, cujos custos “podem ser tão caros que é mais económico substituir por completo o aparelho”.
A investigação deixa ainda recomendações e uma lista de objetivos para resolver esta questão: legislar sobre o direito à reparação dos aparelhos; uma redução no IVA na reparação de produtos eletrónicos; a obrigação a todos os produtores de recolher e reciclar o seu lixo eletrónico; objetivos a longo prazo para recolher, reutilizar e reciclar o lixo eletrónico, de forma a reduzir o consumo, bem como a captação e retenção vital de componentes metálicos.
Em resposta, a Apple diz que ficou “surpreendida e desapontada com o estudo do Comité Selecionado da Auditoria Ambiental, que não reflete os esforços da Apple para conservar recursos e proteger o planeta”. Já a Amazon afirma que “está comprometida em minimizar os resíduos, bem como ajudar os consumidores a reutilizar, reparar e reciclar os seus produtos”.