O bolsonarismo perdeu terreno nas eleições municipais do Brasil, com praticamente todos os candidatos apoiados pelo Presidente a saírem derrotados na segunda volta. Contudo, o Partido dos Trabalhadores (PT), não conseguiu capitalizar – pela primeira vez desde o fim da ditadura militar, o partido não elegeu um único perfeito de uma capital estadual. Os vencedores são o centro-direita oposto a Bolsonaro, alinhado atrás de figuras como o Governador de São Paulo, João Dória, e o velho centrão, a rede de pequenos partidos devastada pela Operação Lava-Jato, de cujo apoio o Presidente depende cada vez mais.
Esse cenário ficou bem claro com os resultados nas duas grandes cidades do país. No Rio de Janeiro, o bispo Marcelo Crivella, sobrinho do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, e abençoado por Bolsonaro, perdeu o posto de perfeito para Eduardo Paes, do DEM (Democratas), um partido que até recentemente fazia parte do centrão, mas entrou em rutura com o Presidente.
Paes, reconquista a Cidade Maravilhosa e parte para o seu terceiro mandato com uns estrondosos 64% dos votos. Isto apesar de ser acossado por acusações de corrupção, falsidade ideológica eleitoral e branqueamento de capitais, relativas 10,8 milhões de reais (1,69 milhões de euros) que recebeu da construtora Odebrecht, em 2012, segundo o Ministério Público.
Apesar da Justiça continuar a avaliar o seu processo, Paes não deixou de celebrar a sua eleição. “Quero anunciar que o Rio está livre do pior Governo da sua história, do Governo mais omisso, mais despreparado e mais preconceituoso”, declarou.
Já em São Paulo, o perfeito Bruno Covas, protegido de Dória, conseguiu a reeleição, com 59,3% dos votos, contra o candidato da esquerda Guilherme Boulos, do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), que ganhou destaque no Movimento dos Sem Teto (MST). Já o candidato apoiado por Bolsonaro, Celso Russomanno, ficou-se pela primeira volta, com uns meros 10% dos votos.
“As urnas falaram, e a democracia está viva. São Paulo mostrou que restam poucos dias para o negacionismo e para o obscurantismo. São Paulo disse ‘sim’ à democracia. São Paulo disse ‘sim’ à ciência, disse ‘sim’ à moderação, disse ‘sim’ ao equilíbrio”, prometeu Covas