O Sindicato dos Médicos da Zona Sul enviou ontem um comunicado às redações onde acusava o Presidente do Conselho de Administração (CA) do Hospital Garcia da Horta, Luís Amaro, de “usar o estado de emergência para justificar o atropelo dos direitos laborais dos profissionais de saúde”. No comunicado pode ainda ler-se que esta atitude é representativa da “política gestionária que tem sido levada a cabo” pelo Hospital nos últimos anos e que promove o descontentamento entre os trabalhadores e leva ao “abandono dos médicos do Serviço Nacional de Saúde”.
Assim sendo, o Sindicato pede ao presidente do CA do Hospital Garcia de Orta que promova a “verdadeira gestão de recursos humanos que promova a qualidade nos cuidados de saúde prestados, em vez de praticar uma política autoritária e autocrática”.
Contactada pelo i, a vice-presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, Guida da Ponte, afirma que o sindicato “não tem nada a dizer perante a necessidade de suspender as férias dos médicos desde que exista uma necessidade comprovada e planeada”. Neste caso, a crítica é feita ao modo “autoritário como a ordem de serviço foi apresentada” e não especificamente ao pedido feito para que os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos, se apresentem ao trabalho. A dirigente sindical afirma ainda que é necessário que se olhe para o historial do hospital e não apenas para este caso específico, referindo-se à dificuldade com que o Hospital Garcia de Orta se tem debatido para encontrar médicos.
No passado dia 20 de novembro, a ministra da Saúde, Marta Temido tinha anunciado em entrevista à agência Lusa que foi aprovado pelo Governo um regime excecional em que os médicos que não tiverem oportunidade de gozar férias até ao final deste ano “possam ser compensados desse seu esforço”. Na mesma altura, Marta Temido explicou que os profissionais de saúde vão em 2021 poder optar por ter um retorno financeiro: “Por cada cinco dias de férias não gozados, além do direito a esses dias, terem o pagamento de um dia adicional de férias”.