A líder bloquista esteve reunida com o Presidente da República, esta quinta-feira, e pôs em causa a informação publicada pelas entidades de saúde e pelo Governo sobre a Covid-19, após ter-se reunido com Marcelo Rebelo de Sousa. Em conferência de imprensa, Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda (BE), queixou-se de não haver suficiente informação sobre o novo coronavírus, sobre como se propaga e sobre como evitá-lo.
“Para lá das restrições impostas, todas as pessoas devem poder tomar decisões informadas sobre a forma como se encontram e como estão juntas, para isso é importante que toda a gente tenha informação", referiu a líder bloquista.
Catarina Matins queixou-se ainda de não existir neste momento “uma adequada comunicação do risco em Portugal, nem das causas da transmissão”. “Não basta dizer às pessoas que há um vírus e que têm de se proteger. É preciso explicar-lhes. O que é que aprendemos, o que é mais perigoso, como é que se pode evitar”, frisou Catarina Martins.
A nível das possíveis restrições na época natalícia, Catarina Martins diz “não ser claro” que as restrições atualmente vividas nos fins de semana sejam as mesmas aplicadas durante as próximas semanas. As medidas de restrição, referiu, devem ser baseadas “na melhor evidência científica” e devem ser “bem comunicadas”. “Independentemente das restrições, deve haver uma adequada comunicação do risco à população, e uma pedagogia sobre como se propaga o vírus e como se pode evitar a propagação, para que cada pessoa e cada família possa tomar as melhores decisões para velar pela sua saúde e pela de quem lhe é querido”, referiu ainda Catarina Martins.
Em relação às possíveis medidas do novo Estado de Emergência, Catarina Martins remeteu-se a pedir que se espere até à publicação das medidas, no próximo sábado.
Sobre o sentido de voto do BE na renovação do Estado de Emergência, Catarina Martins disse querer esperar até à publicação do decreto presidencial do Estado de Emergência para poder decidir. No entanto, Catarina Martins apontou o dedo aos anteriores decretos, referindo que “há medidas que não têm sido tomadas, nomeadamente medidas de reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de generalização de testagem e de apoio à economia e apoio social que deviam acompanhar o estado de emergência e não têm existido”.
A líder do BE reforçou ainda o tema recorrente que tem vincado as divergências entre o partido e o Governo: a criação de estatutos e a valorização do SNS. “Temos apresentado propostas para reforçar o SNS, como temos apresentado propostas de apoio económico e apoio social. É conhecida a divergência que o Bloco de Esquerda tem com o governo nessa matéria e o facto de essas medidas não terem feito maioria no parlamento até agora."
O BE promete, no entanto, continuar a apresentar “medidas para reforçar o SNS, que é essencial na resposta a esta pandemia e a outras doenças, que pesam muito sobre tanta gente que precisa, como também medidas de apoio económico e social”. “Nunca deixamos de apresentar propostas, e não deixaremos de o fazer com as competências que temos”, defendeu Catarina Martins.