Por Teresa Côrte-Real
Quando temos pela frente o maior desafio da nossa geração, em que a desorientação, a falta de liderança e a descrença no futuro alastram na vida coletiva, importa parar para refletir sobre a atualidade e utilidade efetiva do ideal monárquico para Portugal. E o 1.º de Dezembro é um bom dia para isso. Sem ideias feitas ou preconcebidas, tendo por base o Estado de Direito e a democracia parlamentar e como desígnio o bem comum, longe de uma lógica de biblioteca bafienta e afastada do país real em que tantos (supostos monárquicos incluídos) insistem em pô-la, mas aberta a todos e ao futuro, o que traz de diferente e de melhor esta ideia do país, que valor acrescentado ela pode representar num cenário em que precisamos de todos, imbuídos daquele espírito de serviço que tanto nos orgulha, para defender de forma proativa e abrangente a ideia de sociedade que é a nossa?
É importante perceber o que é ser hoje uma nação independente na Europa do século XXI. O que cada português espera do seu país. Perceber que cada vez mais é preciso continuar Portugal e reafirmar o que nós somos enquanto povo. E pensar na mais valia que a ideia de Monarquia nos pode trazer agora. Na sua legitimidade transgeracional. Que une e congrega muito para além de escolhas ideológicas.
A mudança que se pede e de que Portugal precisa é, assim, de paradigma. Já todos percebemos que este sistema, em que as decisões são tomadas por ciclos eleitorais, não consegue traçar uma visão a longo prazo para o país, não o ouve e não lhe dá, por isso, continuidade. É preciso compromisso entre o que fomos, o que somos e o queremos ser.
Com o Passado na defesa e continuação da nossa identidade e do nosso património material e imaterial; com o Presente no reforço da nossa soberania e da coesão nacional, em áreas transversais e cujo impacto e importância se bem que hoje já evidentes irão ser determinantes para a nossa unidade e sustentabilidade enquanto país: o ambiente baseado uma ecologia que preserve a relação do ser humano com o espaço que o rodeia, onde esteja presente a preservação e valorização do território marítimo e continental, os recursos hídricos, o equilíbrio entre o mundo rural e os centros urbanos e em diminuam as assimetrias cada vez mais marcantes; a justiça social e a demografia.
O envelhecimento da nossa população, cujas condições de vida estão a ser dramaticamente expostas nos dias que vivemos demonstram bem o distanciamento entre o regime e os seus responsáveis e o país real; a inexistência de políticas de fomento da natalidade e de um pacto nacional para a Educação, a indiferença face ao futuro e às novas gerações.
Porque é sobre o Futuro, o Futuro Português que é urgente refletir e agir. Contribuindo para a existência de uma reserva estratégica em áreas-chave e que nos tornem mais auto suficientes ou menos dependentes do exterior. Acolhendo quem vem numa perspetiva humanista, abrangente e inclusiva, sem perder a nossa matriz, mobilizando todos em causas que são de todos, e alicerçado numa grande comunidade de ligação lusíada global, que vai muito para além dos países que falam português.
É preciso conseguir esse compromisso. Com o agora e com o depois. Para que haja um novo ciclo português.