Terça-feira, 3 de novembro de 2020 não foi apenas o dia das eleições americanas. A partir desta data, quase todas as mulheres do mundo trabalham gratuitamente até ao final do ano. Esta situação resulta da desigualdade salarial entre os dois sexos. De acordo com dados da Eurostat as mulheres recebem, em média, 16% menos que os homens.
Os homens e as mulheres não são iguais. Não há sexo forte nem sexo fraco. Há dois sexos distintos com forças e fragilidades. Precisamos de ambos e, sobretudo, que os dois tenham consciência do que os une e do que os distingue.
Talvez por isso prefira a equidade à igualdade. Esta última, implica o mesmo tratamento para todos. Na igualdade não há espaço para a diferença, não se têm em conta as diversidades. Já a equidade, do latim aequitas, refere-se à capacidade de apreciar e julgar com retidão, imparcialidade e justiça. A equidade aplica as regras existentes a uma situação concreta, de forma justa. Seria como reconhecer que todos necessitam de atenção, mas não necessariamente do mesmo atendimento.
Não me identifico com algumas feministas que reclamam os mesmos direitos que os homens. Não pretendo ser igual, mas sim tratada de uma forma justa e imparcial. Não festejo o dia Internacional da Mulher porque as mulheres existem todos os dias e não apenas no dia 8 de março. Resta-me acrescentar que discordo da política de quotas. Por um lado, penso que as mulheres devem ser aceites em cargos de responsabilidade de acordo com as suas competências e não por pertencerem ao sexo feminino. Por outro lado, por que razão são os homens a decidir quantas mulheres, onde e a fazer o quê?
Infelizmente, algumas mulheres estão longe de alcançar a equidade social. Ainda há um longo caminho a percorrer. Continuam a existir casamentos arranjados entre raparigas de 10 ou 11 anos com homens que têm idade para serem seus pais ou, até mesmo avós. As vítimas de prostituição e de pedofilia ainda são, maioritariamente, femininas. São muito mais comuns os casos de violência conjugal sobre a mulher, embora o inverso também ocorra.
As condições das mulheres dependem, e muito, do sítio onde nasceram e/ou vivem. Alguns países africanos (e não só) ainda praticam, impunemente, a mutilação genital feminina. Na índia e no Paquistão as violações coletivas são quase diárias e as vítimas são sempre do sexo feminino. No México, na Colômbia, no Chile, no Brasil uma mulher é raptada, violada ou assassinada a cada dois minutos. Durante o confinamento desapareceram 900 raparigas no Peru, 70% das quais menores de idade.
Em muitos países, a escola é reservada aos indivíduos do sexo masculino e as raparigas arriscam a vida para ir estudar.
O regime talibã vende, apedreja, viola, massacra, prostitui e abusa das mulheres. A poligamia ainda existe, mas é sempre um único homem com várias mulheres. O infanticídio feminino é muito comum na China e na índia, onde as raparigas são um fardo para a família.
A lista de exemplos de maus tratos às raparigas e mulheres é extensa e ampla. Nenhum país fica de fora e quase todos são cúmplices, direta ou indiretamente. Quando ocorreu o tsunami no sudoeste asiático muitas das vítimas eram europeus ricos que viajaram sozinhos em busca de sexo com carnes frescas, jovens e virgens. O voyeurisme no seu esplendor.
E os homens nisto tudo? São apenas os maus da fita? As mulheres são sempre as vítimas e os homens os carrascos?
Obviamente que não! Há mulheres maquiavélicas e vingativas que têm prazer em humilhar e espezinhar os homens, chegando mesmo a cometer crimes passionais. A prostituição masculina também existe. Há homens que sofrem maus tratos e rapazes que são violados, massacrados, assassinados. Mas a verdade é que são uma minoria. Afinal, deveriam ser eles a ter um dia específico no calendário.